terça-feira, 13 de novembro de 2007

GALOPÉ - Aventuras e desventuras


" A alma mineira vive de saudades. tenho saudades das velhas cozinhas de Minas...."



A coisa começou de um jeito complicado. Um dos convidados, por uma privação de sentidos momentânea, esqueceu-se, (ou não se lembrou), de que cada um deveria levar cerveja para nossa reunião, o que nos levou a buscar o produto quente em um depósito de bebidas do bairro. Não sei porque, e acho que ninguém sabe, saímos em caravana para a casa do Paulo César e da Conceição. A perspectiva de degustar o famoso Galopé do Paulinho deixou todos excitados e “deu branco” na galera, pois os motoristas sabiam o caminho e mesmo assim a preocupação de todos era a de que chegássemos juntos e ninguém se perdesse. Na bela residência do casal, fomos recebidos com carinho e logo já estávamos no melhor lugar da casa, a cozinha. Panela grande sobre o fogão, violão encostado na parede à espera dos possíveis cantores e tocadores, cerveja gelada e o aroma fantástico de comidinha da roça emprestavam ao ambiente aquele aconchego necessário para algumas horas de puro prazer.E foi exatamente isto que aconteceu: adolescentes devidamente entrosados e a única criança naturalmente excluída, mulheres trocando confidências sobre homens, maridos e seres afins, Paulinho dando os últimos retoques na sua obra-prima fumegando sobre o fogão, cervejeiros com copos abastecidos e os primeiros acordes já alegrando a festa.De Lupicínio a Ari Barroso, de Pixinguinha a Cartola, de Paulinho da Viola a Chico Buarque, todos foram homenageados, cantados e decantados. Alguns cantores desafinados e que não participaram dos ensaios prévios, procuravam o compasso e o ritmo desesperadamente, mas entre mortos e feridos salvaram-se a alegria do encontro e a descoberta de novos e promissores talentos.Com petiscos primorosos, troca de receitinhas , um vinho bem gelado e o CD da Zizi Possi disputando espaço com os cantadores presentes, chegou-se finalmente a hora tão esperada. É verdade que dois convidados mais afoitos e no intuito de provar e aprovar o Galopé já tinham consumido uma boa quantidade do jantar. Felizmente, os donos da casa tinham preparado comida suficiente para um batalhão.A comida gostosa, temperada com carinho e competência, foi sendo lentamente consumida entre suspiros e elogios. Realmente foi um sucesso o Galopé do Paulinho.Temos de assinalar a demasiada preocupação da dona da casa com o serviço do jantar, uma vez que os garçons e o maître contratados, além de não terem comparecido, faltaram ao trabalho. Também os talheres apropriados para se comer o famoso prato não foram encontrados em BH e não foi possível importá-los da cidade natal da Sãozinha. Mas tudo bem... Lambendo-se os dedos e lambuzando-se, todos se deliciaram com o Galopé, que é a mistura inusitada de galo e pé de porco, temperados com esmero e cozido no ponto certo.Por causa de compromissos no domingo resolvemos partir e que aquela reunião teria continuidade no dia seguinte à beira da piscina na casa do Maurílio. Despedidas, agradecimentos, elogios, juras de amizade eterna e lá fomos nós rumo à saída da casa.- Meu Deus! Roubaram o carro do Nivaldo! Impossível! Como foi acontecer isto? Ladrão FDP. Que vamos fazer agora? Liga pro 190. Corre no Posto Policial. O Celso é amigo dos “home”, liga pra ele. Manobra o carro, Dão. Não chora, Soraya! Vão achar o carro. Que vamos fazer? Não tenho seguro. O carro não tem alarme. Que merda!Todos pareciam baratas tontas extremamente exaltadas (talvez por causa estado etílico de boa parte dos presentes).As providências rápidas e eficientes permitiram que em 15 minutos o carro fosse localizado e o Paulinho, num gesto de perfeito anfitrião foi, junto com o Nivaldo, dar uma voltinha de camburão, com policiais fardados e fortemente armados para resgatar o Uno de estimação da família.A Sãozinha deu uma bronca exemplar nos dois “vigilantes” da rua, mas ficando na dúvida se ambos os seguranças não estariam envolvidos no delito, uma vez que ela não contribui com a caixinha...Rezamos para que o Paulo César não fosse confundido com algum meliante, uma vez que, apesar do adiantado da hora (quase 2 horas da madrugada) e do vento frio, ele estava de chinelo, camiseta e bermuda, no mais puro estilo praia. Pedimos também aos céus que o Nivaldo pudesse trazer o carro sem que os policiais o submetessem ao teste do bafômetro nem exigissem dele o documento do carro, que tinha ficado na bolsa da Soraya.Não sei se pelo Galopé ou pelo fato ocorrido, a verdade é que esta noite ficará para sempre em nossa memória, apesar de ter acontecido em Abril de 1999.




Esse post vai para os amigos que, por esse ou aquele motivo, ficamos tanto tempo sem ver, o que não implica em esquecimento. Implica, sim, em SAUDADE...