" As pequenas viagens nos dão grandes prazeres, sabedoria, estímulo..."
A conversa se prolongou até muito tarde. Fui para cama já mais de
meia noite e o Danilo mais de uma hora da manhã. A Leticia e Felipe
ficaram rindo das nossas melhores lembranças da juventude, das nossas
fotos em preto e branco dos anos 60 e as que eram coloridas, já bem
avermelhadas pela ação do tempo...
O David se encarregou das provoletas que foram servida com a focácia macia perfumada de alecrim. A cerveja gelada, a cachaça de alambique e tanta saudade administrada durante quase 40 anos, acabaram em algumas lágrimas e muitas risadas. Emoção e alegria costumam causar esses sintomas em pessoas com mais de 60 anos.
Às 5 horas, em plena madrugada, todos de pé, começamos a carregar os carros e tomar café.
Cada um buscando o seu remédio pra alguma coisa. Isso é próprio da nossa faixa etária...
As mulheres, no carro do Letícia, dirigido pela Heddy e, na camionete, os homens, com o David na direção.
A saída de Belém foi meio caótica. As obras do BRT estão atrapalhando bastante o trânsito. É época de férias e todo mundo está indo para a praia.
Em Ananindeua, município da Grande Belém, o tráfego estava intolerável com intenso movimento de caminhões e carros, motos e bicicletas.
Todo percurso é muito plano, pastagens, gado nelore, grandes áreas de reflorestamento, plantação de frutíferas e os açaizais, que predominam por ali.
Os municípios paraenses têm grande extensão territorial, mas são pobres e sem infra- estrutura. As casas são características da região, são feitas de madeira ou alvenaria sem reboco. As pessoas ficam ali, bem na beira da estrada, vendendo frutas coloridas, camarões, mel e castanhas nas barraquinhas de madeira. Alguns vendedores ficam deitados em suas redes, ouvindo música e aguardando os clientes
E vão se sucedendo as cidades, como Santa Luzia, Santa Isabel, Capanema...
Esta
árvore de toranja carregada de enormes frutos me encantou .
A parada no Celeiro foi espetacular. Verduras orgânicas produzidas ali mesmo por meio de hidroponia, frutas, biscoitos, produtos da Amazônia, geleias e muito mais. Empadinhas, folhados, pastéis, tortas e pão de queijo, tudo da melhor qualidade....Os pequenos potros encantam as crianças, que correm por toda a área. Bom gosto na decoração e um excelente atendimento nesta que é a parada obrigatória para quem se dirige à Salinas.
A partir de Castanhal a estrada deixa de ser dupla, mas o trânsito diminui bastante.
As barraquinhas ganham outras mercadorias como o milho e a pamonha.
As pessoas balançam compulsivamente uma espiga seca espetada em uma vara.
Pra cima, pra baixo, pra cima....
A fiscalização nos parou e depois fomos novamente parados por uma campanha de Paz no Trânsito... Um grupo de teatro, tentava com bom humor, convencer o motorista a ter cuidado responsabilidade na
direção.
Finalmente chegamos a Salinópolis por volta da hora do almoço e nos impressionamos com a imensidão da praia.Com a água alta de setembro as raízes do antigo mangue aqui da frente da casa afloraram e estão por toda a praia.E os carros param em plena areia. Alguns ficam atolados na lama pegajosa do mangue, que fica sob a areia em alguns pontos.
O muro da caiu junto com o portão, a cerca e um belo coqueiro.
O almoço foi preparado com carinho pela irmã e sobrinha do David, que já nos esperavam.
Dormimos na rede no mira-bunda durante horas....
Mira-bunda é um espaço bem junto à entrada da casa construído com esse fim..... ver as meninas de biquine, na praia em frente.
Bem ao por-do-sol o David passou uma rede de cem metros e puxou de arrasto junto com o Tião.
Trouxeram seis corvinas e quatorze pratiqueiras, pequenas tainhas ovadas e deliciosas....
Os peixes dourados na brasa foram devoradas entre goles de cerveja abraços e risadas, aproveitando a brisa que vinha do mar.
Fotos de todos esses momentos especiais serão nossas lembranças desses dias tão especiais em nossas vidas.