sábado, 2 de abril de 2011

O ESTREITO DE GIBRALTAR

Acordamos por volta das sete horas e fomos direto para o alto do navio que já navegava pelo Cabo Espartel, onde se localiza a cidade marroquina de Tanger. O frio intenso e o vento forte não nos permitiu permanecer ali por muito tempo. Ao longe, vimos as montanhas com alguma neve espalhada pelas encostas, as casinhas brancas por entre a bruma espessa e alguns pequenos navios.

Em seguida começamos a travessia do Estreito de Gibraltar que separa a Costa Africana da Europa. Ali navegamos por quase duas horas. O mar, absolutamente calmo nos surpreendeu, pois, segundo as informações que tínhamos, é um lugar de águas revoltas, onde o navio costuma balançar demais. Parecia a lagoa da Pampulha, de tão calmo. No entanto, o vento e o frio não deram trégua durante toda a travessia. A névoa não nos permitiu uma boa visão e as fotos não ficaram boas. Que pena!

Faltam poucos dias para o terminar essa viagem e nem sentimos o tempo passar. Sei que vamos sentir falta dessa boa vida: Comida de rei, mordomias, música ao vivo a escolha do freguês, camareiro, grandes festas, jantares fantásticos, garçons à disposição, shows todas as noites...

Hoje haverá uma festa de carnaval depois do jantar. Agora a tarde está acontecendo uma oficina onde vão ensinar técnicas de confecção de fantasias.

O Show dessa noite foi uma homenagem a Louis Amstrong. Maravilhoso!
À noite fui para o baile à fantasia e me diverti, vendo a criatividade dos passageiros. O casal de árabes, vestidos com as toalhas da piscina estava hilário! Perfeito!Como estava sozinha, participei do desfile de fantasias, dancei um pouquinho e fui dormir por volta da 1:30h. Todos os dias há uma modificação no horário, pra mais ou pra menos, o que nos deixa meio desnorteados.
Hoje atravessamos o Meridiano de Grenwich. Mais hora no nosso fuso horário, nessa altura já completamente
bagunçado.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

CASABLANCA - MARROCOS - ÁFRICA


Ontem foi dia de navegação. O assunto foi Tenerife e seus encantos.
Hoje, por volta das 6:30h eu já estava no décimo segundo andar do navio tentando  sentir o território africano. O movimento do porto já se fazia notar. Milhares de containers amontoados, gruas gigantescas, caminhões transitando sem parar, dezenas de ônibus aguardando os turistas. O único navio de turismo era o nosso, mas não sei precisar quantos cargueiros e petroleiros estavam ali aportados.
Depois da burocracia e espera inevitáveis para o desembarque de mais de 2500 pessoas fomos para o ônibus da excursão contratada. Algumas pessoas optaram por Rabat, capital do Marrocos. Outras por Marraquesh, que fica há três horas daqui.resolvemos conhecer a Grande Mesquita de Hassan II e um pouco da cidade de Casablanca.
Um dos guias estava vestido como bom mulçulmano, ou outro, mais jovem, chamado Nabib falava espanhol  e, com bastante simpatia, nos apresentou  a metrópole fundada por portugueses em 1515..
Casablanca possui um regime de Monarquia Constitucional. O Rei  Mohamed VI é jovem, quarenta e poucos anos, e amado por seu povo.
Marrocos foi um protetorado francês de 1912 até 1956.
Logo ao sair do porto o calor já estava  muito forte. O ar, empoeirado, deixa a grande cidade meio que envolta numa leve névoa avermelhada. Todas as ruas exibem palmeiras das Canárias, altas e lindas, carregadas de frutos. As avenidas são largas e o trânsito confuso. Todos dirigem para si. Quase todos os carros apresentam algum amassado na lataria, buzinam bastante e não se mantém em sua pista. Loucura!  Carros extremamente luxuosos se contrapõem aos calhambeques que circulam junto com motos de todas as idades, o que aumentam mais ainda a confusão . São cinco milhões de habitantes na cidade de Casablanca e 33 milhões em todo o país.
Os homens do Marrocos podem se casar com até quatro esposas. A poligamia é bem aceita no país.
O país é essencialmente agrícola. O mais importante produto de exportação é o fosfato.
O guia falou muito do óleo de Argan, produzido unicamente aqui no Marrocos e largamente usado a indústria de comésticos. O óleo promete a eterna juventude.
São cinco as igrejas cristãs, frequentadas pelos europeus, que moram  aqui. Vimos duas elas externamente.
A Mesquita de Hassan II é indescritível. Por mais que eu tente descrevê-la com fotos ou palavras, adjetivando o máximo possível a arquitetura, a grandiosidade, a arte ali contida, ainda assim, não chegaria nem perto da realidade.  É a terceira maior Mesquita do mundo, perdendo apenas para a de Meca e a de Medina. Seu minarete, com 210 metros de altura,  é o mais alto do mundo e cumpre a função de farol para o porto.  A construção da Mesquita terminou em 1993 e demorou apenas 6 anos, o que é impressionante, visto as proporções do conjunto arquitetônico. Treze  mil artesãos  e três mil pedreiros trabalharam na obra, que foi financiada em parte pelo governo e em parte pelos fiéis.
O templo comporta oitenta mil pessoas na sua área externa e mais de vinte mil em seu interior.
A emoção de estar ali, de ver tamanha beleza, levou-me às lágrimas. Acredito que jamais estive em lugar tão grandioso, apesar de conhecer grandes palácios e catedrais. É realmente fantástica! Magnifica!
O teto retrátil, deixa à mostra o céu marroquino e a ponta do grande minarete, todo trabalhado em mosaicos de mármore onde predomina o verde. Esse teto é inteiramente feito em cedro das montanhas, em tons de marrom, dourado e vermelho.
O piso, coberto em parte por tapetes, tem um belíssimo trabalho em mármoré italiano e espanhol. As colunas que sustentam a Mesquita são em granito. Não há uma imagem ou representação do Profeta Maomé ou qualquer outro.  Versos do Corão estão gravados em ouro por toda a parte.
Na parte superior, toda cercada por divisórias de cedro ricamente trabalhado ficam as mulheres. Há lugar para cinco mil. Portas imensas  magníficamente entalhadas vão separar as mulheres,  tapetes riquíssimos servirão aos homens, que neles se ajoelharão, tocarão o solo com a testa, sempre voltados em direção a Meca e agradecerão a Alá por tudo que têm.
Ficamos na Mesquita por mais de uma hora. É pouco! Muito pouco.
A Casa do Pachá, que é  o Presidente do Conselho da Região de Casablanca, é um Palácio primoroso. Pátios internos com laranjeiras carregadas de frutas, paredes e colunas totalmente trabalhadas em madeira e gesso no mais puro estilo mourisco encantam os turistas, ávidos por informações.
De lá fomos para o Palácio Real, que só pode ser visto pelo lado de fora. Queria vê-lo por dentro, pois ali viveu Malika Ofkir, a prisioneira do Rei ( leiam o livro, vale a pena).  Um dia ainda falo sobre esse livro aqui no Blog.
Fomos então para o Gran Bazar.... Meu Deus! Que confusão!
 Peças em latão (?) ricamente trabalhadas, cerâmicas, roupas locais, xales, bijous, cerâmicas... Tudo junto e misturado.  Os árabes olham as mulheres de uma forma estranha. Ameaçadora???? Sei lá. É meio esquisito....  Consegui comprar uns xales, mas foi só... E o vendedor queria gorjeta. Pode, uma coisa dessa????
 Num bar ao lado, homens, muitos homens e pouquíssimas mulheres, tomavam café e água... Só!!!! Álcool não é bem visto pelos mulçulmanos.
 Voltamos para navio depois de vivermos uma experiência totalmente incrível. Esse dia será para sempre o dia deCasablanca.

quinta-feira, 31 de março de 2011

TENERIFE

EMBUTIDOS MARAVILHOSOS E AO FUNDO CENTENAS DE GARRAFAS DE VINHO DE TODOS OS TIPOS PRODUZIDOS EM LAGUNA
 GRUPO FOLCLÓRICO DAS CANÁRIAS QUE NOS RECEBEU NO PORTO DE TENERIFE
 PÁTIO INTERNO CARACTERÍSTICO DE UMA DAS RESIDÊNCIAS DE SANTA CRUZ DE  TENERIFE

 ÁRVORE S´MBOLO DA ILHA - SANGRUE DE DRAGÃO - LINDA E PODEROSA
 CASAS COM PRECIOSOS TRABALHOS DE ENTALHE EM MADEIRA QUE NUNCA APODRECE

 MERCADO MUNICIPAL - ORGANIZADÍSSIMO - FLORES, TEMPEROS, FRUTAS E LEGUMES

 DEGUSTAÇÃO DE VINHOS, QUEIJOS  E FRIOS NA BODEGA DO ÁLVARO
 AS DELICIOSAS PAPAS ARRUGADAS. BATATAS ADOCICADAS, DE CASCA ESCURA  E COZIDAS COM BASTANTE SAL
                  PRESUNTOS - JAMON - PENDURADOS NUM PROCESSO FINAL DE CURA
Terra à vista!
Chegamos enfim a um porto, depois de cinco dias em alto mar.
Em terra firme!
Tomando o café da manhã já nos encantamos com a maior das 7 Ilhas Canárias: Tenerife.

Antes de desembarcarmos ficamos no convés, admirando e fotografando o porto, os grandes navios atracados, a organização absoluta do movimento portuário e a cidade de Santa Cruz de Tenerife debruçada sobre o mar.

A ilha vulcânica, emergiu a milhões de anos das profundezas oceânicas com a erupção de vulcões. E ali está, com seus picos irregulares, montanhas cobertas de verde e suas casa entre as dobras dos montes.

O Teide é um vulcão mais ao centro da Ilha de Tenerife, cuja última erupção foi em 1909. Desde então está “dormindo”, com seu cume sempre coberto de neve.

Nosso guia, um simpático e educadíssimo Canário falando um espanhol fácil de entender, nos levou pelas ruas de Santa Cruz. Caminhamos pelas calles limpíssimas, com suas construções seculares. Algumas de adobe, mas totalmente sólidas.Os pátios internos, dos antigos palacetes, lembram cenários de filmes. Muita madeira usada em entalhes preciosos feitos a partir de um espécie nativa na ilha e que não apodrece com o passar do tempo. O Concert Hall , majestosa obra do arquiteto Santiago Calatrava, empresta um ar de modernidade à cidade.

A vegetação local é um caso a parte. Plantas totalmente desconhecidas. Suculentas estão por toda a parte. Uma árvore em especial chamou minha atenção. Ela é considerada um fóssil vivo e uma das dez árvores mais estranhas do mundo. É a Dracaena Draco ou Sangue de Dragão, o famoso dragão dos jardins. Maravilhosa! Imponente! Estranhíssima!

Lembrava vagamente que Tenerife era a terra natal do Padre Anchieta. E é! Visitamos uma linda praça e lá estava a casa onde o Missionário Jesuíta nasceu e viveu por alguns anos.

Quanto mais se anda pela cidade, mais se encanta por ela, pelo seu povo educado e tranqüilo, pela arquitetura única, com forte influência espanhola Sevilhana.

A Igreja de São Francisco é surpreendente. Um altar, não muito grande, inteiramente trabalhado em prata. Nunca vi nada parecido. Magnífico!

O Mercado Coberto de Laguna  tem uma parte externa dedicado as belíssimas flores, que ali são produzidas e exportadas para o mercado europeu. Iternamente impera a limpeza e a beleza das bancas de carnes, frutas, legumes, verduras , queijos e embutidos. Na realidade, poucas coisas são produzidas na Ilha. O forte da economia é o turismo. São 12 milhões de turistas ano, nas sete ilhas que compõem o arquipélago: La Palma, Gomera, Mierro, Fuerte Ventura, Lanzarote, Gran Canária e, a maior delas, Tenerife, que possui novecentos mil habitantes.

Bananas são plantadas nas encostas rochosas e tomates em grandes estufas. Toda a água da ilha vem das águas da chuva e da neve derretida e filtrada pelas montanhas.Usam a dessalinização há muito tempo e a água dessalinizada repousa em imensos tanques redondos para irrigação e uso doméstico. A água puríssima que vem das montanhas não passa por nenhum tipo de tratamento e toda a água servida passa por processo químico pra ser reutilizada.

Optamos por uma excursão de 4 horas que nos levou a conhecer também a cidade de Laguna, encravada entre as montanhas. A estrada sinuosa, sobe rapidamente do nível do mar a quase mil metros de altitude. O Danilo ficou um tanto incomodado com a estrada estreita, subindo entre precipícios e encostas abruptas. Mas a beleza da paisagem compensa o temor inicial.

Chegamos a Bodega do Álvaro, situada Tacoronte, zona agrícola de grande fertilidade e chamada de capital do vinho.Entre grandes presuntos e queijos pendurados acontece uma animada degustação de vinhos, queijos, embutidos e molhos locais. O principal são as “ papas arrugadas”. Deliciosas batatas escuras e de forma irregular, cozidas em água bastante salgada e com casca. Assim são degustadas com o bom vinho local e molho vermelho, levemente picante. O sabor é o mesmo das nossas batatas, porém mais sequinhas e adocicadas. Até champanhe rolou na degustação em que cada um se serve dos vinhos e embutidos, queijos e molhos à vontade.

Na volta paramos no Centro de Santa Cruz de Tenerife, na Plazza de Espanha, uma belíssima praça, cheia de monumentos alusivos aos primeiros habitantes das Ilhas, uma enorme praia artificial, e um jardim de plantas totalmente exóticas. Não sei se em dias de calor os habitantes da cidade se banham ali.

Entramos em alguma belas lojas, como a Maia e a Lacoste, mas não fomos ao Corte Inglês, que fica mais distante do porto. O tempo é curto e não podemos perder o navio...

Os eletrônicos são o forte do comércio local, livres de imposto e com preços convidativos. Comprei um binóculo Pentax e um pen- drive. Duas cervejas e caminho do porto... Fomos a pé. Meio longe, pra mim que ando devagar. Apesar do sol forte e da dor no quadril, chegamos... e fomos direto para o restaurante externo, onde nos sentamos defronte a uma grande janela para nos encantar pela última vez com o casario iluminado pelo sol da tarde. Os grande navios começam a deixar o porto: Insignia, MSC Fantasy e um enorme, da Holand American Line.

Ali ficamos e, ao ouvirmos os três apitos que anunciaram a partida do Costa Fortuna, a nostalgia nos invadiu por deixarmos para trás um lugar tão mágico. Já estávamos sentindo saudades

terça-feira, 29 de março de 2011

MAIS UM DIA A BORDO

Amanhã devemos chegar bem cedo à Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias. Estamos ansiosos por conhecer esse pedacinho da Espanha, em pleno Oceano Atlântico.
Hoje, passamos a manhã conversando à beira da piscina, mas não arriscamos a entrar na água, que devia estar muito fria. Com o movimento do navio a água balançava de um lado pro outro formando grandes ondas. Logo interditaram a piscina para evitar acidentes. A quantidade de velhos a bordo é enorme e eles são bem espertinhos . Estão sempre aprontando alguma travessura.... Ontem encontrei uma velhinha de 97 anos completamente nua no banheiro, depois de ter “tomado banho” na ducha higiênica e molhado todo o banheiro. Estava toda feliz, se vestindo para o almoço depois de ter nadado para manter o corpo em dia.
Vários idosos, brasileiros, alemães, italianos,franceses , argentinos fizeram do Costa Fotuna o seu território. Dançam, cantam, praticam esportes,  fazem artesanato (aqui chamado de manualidades), jogam Quiz, fazem compras, vão ao teatro, conversam, usam computadores e I Pads com a desenvoltura de adolescentes e, dão um show de animação e jovialidade. É bom dizer que muitos têm a mobilidade seriamente comprometida, outros estão na cadeira de rodas e vários usam bengalas e andadores... Coisinha pouca, pra tanta alegria!

segunda-feira, 28 de março de 2011

CABO VERDE AO LONGE

Hoje resolvemos não ir ao show, pois já vimos o duo (piano e violino) que apresentaria clássicos mundiais... Eles são muito bons e se apresentam diariamente no Bar Conte Verde.
Hoje tirei várias fotos da decoração das portas e paredes . Retratam cenas de bordo dos antigos navios da Costa Cruzeiro. Antigos mapas, belíssimos por sinal, também estão por toda parte. Até sobre as mesas dos restaurantes externos.
Após o jantar fomos para o Conte Rosso, um aconchegante Piano Bar onde o cansaço nos venceu antes da uma hora, apesar da boa música.
Demorei a conciliar o sono, pois o navio balançava tanto que temi cair da cama...
O mar está muito agitado, escuro e lindo.

Às sete e meia já estávamos no convés para ver as ilhas do Arquipélago de Cabo Verde. O vento forte nos desequilibrava e tentava arrancar a câmara fotográfica de nossas mãos. O céu muito nublado, com muitas nuvens escuras e alguma neblina, frustrou nossas expectativas.
Ainda assim tentamos. A sensação térmica era de uns 8 graus e estava muito desagradável permanecer ali, sendo empurrada pelo vento forte. Ontem recebemos um belo diploma certificando a nossa passagem pela Linha do Equador.


Observar o mar agitado, o movimento das ondas e a possibilidade de se ver algum golfinho, nos deixa sempre muito atentos. É belíssimo. Essa viagem é diferente das demais pelo tempo que ficamos sem ver nenhum vestígio de terra e de vida marinha.