Comentei com a uma amiga que estava com muita vontade de ir até o Shopping Popular Oiapoque , conhecido como Shopping ÔI, mas que não tinha segurança suficiente para me arriscar sozinha num lugar de corredores estreitos e muita gente trançando pra lá e pra cá. Imediatamente ela se ofereceu para ir comigo, pois tinha vontade de conhecer esse tipo de comércio. Marcamos o dia e logo depois do trabalho, pegamos um táxi e partimos para nosso passeio. Logo na entrada ela quis tomar caldo-de-cana e comer um pastel, mas eu a convenci que era arriscado contrairmos doença de Chagas, ou na melhor das hipóteses uma perigosa dor de barriga. Ela se lembrou dos tempos em que ia regularmente ao Paraguai fazer compras. Entre bancas de CDs (piratas, naturalmente), DVDs a preço de banana, bolsas (bonitas, por sinal), perfumes (contrabandeados, com toda certeza), brinquedos, cintos, tênis, artigos natalinos e milhões de quinquilharias vagávamos sem rumo definido. Sem rumo até avistarmos, no alto da escada que leva ao segundo andar um cartaz anunciando um feijão tropeiro por cinco Reais a tijela. Sentamos, pedimos o "marvado", uma água com gás e esperamos pelo pior. Inacreditavelmente o tropeirão do ÔI estava uma delícia, com torresmo, ovo frito e linguiça, couve fininha e arroz bem soltinho e uma pimenta das bravas.
Comemos com gosto, lembrando casos de outras épocas, dos filhos pequenos, da falta que sentimos dos que já se foram.... Comida tem esse poder. De trazer à lembrança pequenos fragmentos de saudade... Compramos algumas poucas coisinhas e não encontrei o que realmente estava procurando. Ela me propôs atravessarmos a rua e darmos uma voltinha no outro shopping popular (Xavante), bem em frente. Apoiei em seu ombro, ganhamos o outro lado da avenida Oiapoque e vimos que o ambiente não era dos melhores. Algumas lojinhas anunciadas como sex-shopping tinham vitrines empoeiradas e brinquedinhos de adultos com aparência de já terem sido devidamente usados. Disse a ela que, duas respeitáveis mulheres de meia idade, zanzando por ali não ia dar certo. Mesmo assim, andamos mais um pouco e chegamos à rua São Paulo, onde um cartaz desbotado anunciava um show erótico - A loura e o anão - e um pouco mais a frente as fantásticas cabines eróticas... Não nos habilitamos a ver nenhum dos dois divertimentos apregoados. Uns homens feios e desdentados entravam e saíam dos velhos prédios onde mulheres de fartos seios, com roupas muito sujas e decotadas esperavam os clientes. Logo estávamos na frente de uma loja atacadista onde, finalmente achei o que queria. Ficamos por ali, vendo as mercadorias e bugigangas até o fim da tarde. O dono da loja, vendo que não éramos da área, nos acompanhou até a rua e esperou o táxi que nos trouxe de volta ao lar...
"Esse post vai para a minha amiga Iara, que ensinou-me os mistérios da biblioteca e aprendeu, junto comigo, que a zona boêmia de BH está totalmente fora dos padrões do turismo que praticamos nas férias com nossos respeitáveis maridos...."