VIAGEM À
EUROPA - 2013 - PARIS - NUREMBERG - FRANKFURT - PRAGA - KARLOVY VARY BUDAPESTE - VIENA - LISBOA - FÁTIMA - ÓBIDOS - NAZARÉ - BATALHA - CASCAIS - ESTORIL
"Viajar é levar a alma pra passear."
Perto da aposentadoria,
eu e meu marido combinamos que faríamos uma boa viagem a cada ano, para esperar
com resignação o dia de finalmente parar de vez...
Nosso plano inicial era um Cruzeiro Fluvial pelo
Rio Danúbio, mas ao pesquisar folhetos, blogs de viagem, revistas, cadernos de
turismo dos jornais e ter uma conversa
com a nossa competente agente de viagem, desistimos.
Desistimos porque o programa me pareceu
"europeu demais" para quem, como nós,
curte os grandes navios, com muitos shows, festas, grandes
jantares. No cruzeiro em questão tudo é muito calmo, muito clássico, muito "europeu"...
E foi a nossa sorte. Ao optarmos por um pacote rodoviário, saindo de Paris, não
vimos nossa tão sonhada viagem ser
frustrada pelas intensas chuvas que atingiram a região, enchendo rios
importantes, como o Vltava, também chamado de Rio Moldava, que corta toda a
região da Boêmia, indo desaguar no Rio Elba; o Rio Reno que atravessa a Europa
de norte a sul e o Danúbio, segundo rio
mais longo da Europa. Essas cheias fora de época inviabilizaram a navegação,
exatamente na época para a qual havíamos
planejado estar na região afetada.
Viagem resolvida,
convidamos os amigos Sheila e Élcio, para nos acompanhar, uma vez que adoram
"correr mundo". Já atravessamos o Atlântico no Costa Fortuna e corremos a Itália de norte a sul. Maravilhosa
viagem feita em 2012.
Tudo combinado,
alterações em certos roteiros, opcionais resolvidos... Vamos nós..
Primeiro
dia
Saímos de BH rumo à Lisboa e com conexão para o aeroporto
de Orly. Paris nos aguardava com céu nublado, mas antes do receptivo da Special
Tours chegar ao destino, o sol já nos saudava. O Novotel fica na estação
Galienni, do Metrô. Mais ou menos meia hora do centro nervoso da capital
francesa. Um tanto afastado, mas como em Paris " longe é um lugar que não existe" devido às excelentes
condições de transporte de massa, transitamos sem nenhum problema. E como transitamos!... A otimização do tempo
é umas das especialidades da Sheila Maria. Nada de ficar o hotel, trocar de
roupa, tomar banho.... Pra quê? Paris nos aguarda. Depois do check-in, malas no
quarto, lavar mãos e rosto, escovar os dentes, colocar documentos e dinheiro no
cofre e em meia hora, mapa na mão, já
estávamos dentro do Metrô, rumo à Place Du Trocadero...
Lá estava, imponente, a
Dama de Ferro. O céu azul não deixava dúvidas. Mesmo com as notícias de tempo
ruim em Paris, nosso "pacote" não incluía chuva.... E assim será...
Claro!
Ficamos ali, respirando
ares parisienses, admirando a arquitetura, as fontes, os milhares de turistas,
os artistas de rua, o sol que, apesar da hora - já passava das 19:30h - teimava
em estar alto.
A Praça do Trocadero fica numa colina chamada
Chaillot e, literalmente se abre, sobre a esplanada dos Direitos Humanos, de
onde a vista é estonteante. A Torre Eiffel,
os grandes museus e colunas majestosas, jardins imensos, fontes, cúpulas
... Paris estava ali, pronta a ser
explorada, mas o cansaço da viagem e o jet lag começavam a nos vencer.
Atravessamos, passo a passo a avenida e nos
sentamos no Café Kleber. A euforia por estarmos em Paris foi grande. Copos e
copos de uma boa cerveja, os magníficos queijos franceses, pão não mais que
perfeito, carne, salada e batatas. E uma conta astronômica! Afinal, estávamos
na Place Du Trocadero, número 4. Nada menos que isso. Mais meia hora de Metrô até Gallieni e logo o
sono nos venceu. Amanhã cedo temos um City Tour panorâmico.
Segundo
dia
O Novotel é muito bom,
confortável e com uma característica diferente de todos os hotéis em que
estivemos. A privada fica separada do "banheiro" propriamente dito.
Um cubículo minúsculo. O porquê disso, ninguém soube nos explicar. O café
maravilhoso, com tudo que um turista, que vai andar o dia inteiro, merece e tem direito!
O guia da Special
Tours, Juan, espanhol não muito simpático, mas atencioso, se apresentou e também a guia
local que nos acompanharia no tour panorâmico. Silvia foi nos mostrando Paris
de forma leve e descontraída. O cemitério Père Lachaise, fica bem próximo ao
hotel. É maior e mais famoso cemitério de Paris e onde estão enterradas
personalidades como Balzac, Molière, Edith Piaf, Jim Morrisson, Allan Kardec, Maria
Callas, Proust e tantos outros. Quase um bosque, bem cuidado, com flores se
derramando sobre os muros. Sei que a arte cemiterial, ou tumular, ali é atração para turistas de todo o mundo.
Mas vai ficar para uma próxima vez. Paris é inesgotável!
Os monumentos,
bulevares, parques, igrejas, praças e jardins vão se sucedendo e nos
encantando. O Sena, as pontes, o trânsito intenso e os parisienses e turistas
aproveitando o sol da manhã. Vimos também um
dos hotéis mais caros de Paris, o Shangri-lá que tem diárias a partir de
mil e quinhentos Euros. Não é a nossa realidade... Sabemos disso.
Uma parada técnica na Praça Vouban e continuamos
nosso passeio. Um casal de meninas fotografadas. O casamento gay em Paris é
recente... e polêmico. Ao longe já avistamos a Torre Eiffel e lá paramos mais
uma vez.
As filas gigantescas não são muito atraentes para quem já subiu a torre
e viu Paris lá de cima. A Avenue des Champs-Èlisèes é a mais famosa avenida de
Paris e talvez do mundo, com suas lojas de grife, de especialidades luxuosas, cafés,
restaurantes e as árvores que a cada estação transformam completamente seu visual.
A praça da Concórdia e
o monumental obelisco de Luxor, a ponte Alexandre III com querubins, ninfas e
cavalos alados, dourados e reluzindo ao sol,
o Museu do Exército, Notre Dame, Les Invalides...
Nosso tour terminou no
Museu do Louvre. Optamos por vê-lo por fora, pois já estivemos em seus
intermináveis e preciosos salões. São 38 mil obras, mais de 350 mil itens e dez
anos serão necessários para visitá-lo minuciosamente. A Pirâmide de aço e
cristal, projetada pelo arquiteto sino-americanos Ming-Pei estava abarrotada de
pessoas batendo fotos, comendo, comprando.... Resolvemos sair dali e ir para um
lugar mais tranquilo.
Andamos bastante, ali
pela margens do Sena, observando o movimento, os livreiros organizando as
banquinhas de madeira abarrotadas de livros velhos, gravuras e pequenos
objetos. Resolvemos visitar o Museu d'Orsay, não muito longe de onde estávamos,
paramos para uma cerveja e um xixi, no Café-Brasserie La Frégate e seguimos em frente.
O Museu d'Orsay funciona
numa antiga estação de trens, na margem esquerda do Rio Sena, desde 1977. Ela
foi adaptada e hoje abriga um acervo importante de pinturas, esculturas,
fotografias, gravuras, mobiliário e objetos. Monet, Manet, Degas, Matisse,
Cèzanne e muitos outros ali estão para serem admirados pelos milhares de
visitantes que circulam por este museu todos os anos. Andamos
por todos os imensos salões, galerias e corredores, descemos e subimos
escadas, nos encantamos com a beleza, a arte e a arquitetura única dessa
estação de trens que se transformou em dos museus mais famosos do mundo.
Sheila, com sua
"poliglotia" absurdamente competente, conseguiu informações sobre
como chegar até os jardins de Luxemburgo. Descansamos um pouco, almoçamos uma
bela salada com carne e a indispensável cerveja, trocamos impressões sobre
Paris e os parisienses e seguimos de Metrô para nosso destino.
Os Jardins circundam
todo o Palácio de Luxemburgo, onde hoje funciona o Senado da França. São mais
de 25 hectares de jardins simétricos e luxuriantes, gramados extensos, onde o
parisiense relaxa ao sol e caminha pelas grandes alamedas de pedriscos e areia
clara, lagos, estátuas, fontes, escadarias, cadeiras para quem quiser descansar
e curtir o visual e árvores centenárias. Nos gigantescos vasos,
palmeiras e árvores frutíferas carregadas de frutos maduros. Encantados,
ficamos por ali observando os moradores da cidade se esbaldarem ao sol, as
crianças brincando com barquinhos de controle remoto no lago rodeado de flores
e esculturas, pessoas elegantemente vestidas atravessando o parque. Sentamos à
sombra de um grande plátano, onde os passarinhos faziam uma festa. O plátano é
uma árvore comum pelas ruas e praças de Paris, uma vez que resiste bravamente
aos invernos rigorosos.
Com toda certeza os
Jardins de Luxemburgo devem fazer parte de um roteiro dos mais bonitos de
Paris.
Sabíamos que o Edifício
Montparnasse ficava ali perto e visualizamos o grande prédio. Saímos em sua
direção, mas nos desviamos um pouco e acabamos nos perdendo.
Andamos muito
tempo e, cansados resolvemos dar uma pausa para o sorvete do Amorino. Delicioso!
E o jeito de colocarem o sorvete na casquinha é quase artístico. Formam flores
coloridas de maneira única, com a massa macia e saborosa. Caramelo, café, limão
siciliano, pistache... Difícil decidir.
Qual sabor você vai querer?...
Com algumas informações
conseguimos finalmente ver de novo o Montparnasse e, atravessando a famosa
Galeria Lafayete, chegamos finalmente.
Compramos o ingresso,
recebemos o plano de visitação e subimos de elevador os 56 andares até o primeiro
terraço. Pelos enormes vãos livres e com as telas interativas vamos descobrindo
a cidade monumento por monumento, praça por praça, avenida por avenida... A
vista é deslumbrante. O prédio foi construído entre 1960 e 1972 e é o prédio
mais alto da França. Um bar e uma pequena loja também funcionam ali.
Subimos 75 degraus e
ganhamos o topo do prédio. Ninguém conseguia falar de tão cansados. A vista de
360º é indescritível! Paris a seus pés, o sol já com preguiça, pois passava das 20:00h e nós sem hora marcada, sem pressa, podendo
desfrutar daquilo tudo pelo tempo que bem desejássemos!
Fomos descendo as
escadas devagarinho, no elevador quase não nos falamos. O impacto do Montparnasse
foi grande. E lindo! E magnífico! E tudo ...
No Boulevard du
Montparnasse dezenas de cafés e bistrôs convidativos. Cheios de gente bonita e
barulhenta. Optamos pelo Indiana Café, e meio apertados, conseguimos uma
mesinha pra quatro. A garçonete Ana, lisboeta e estudante de Letras na
Sorbonne, nos serviu com prazer e alegria. Comemos uma comidinha mexicana e
bebemos mais cerveja pra comemorar nosso segundo dia na Cidade Luz, que, àquela
hora já se mostrava iluminada.
Amanhã é nosso último
dia na cidade mais romântica do mundo. Vamos até Versailles. Dispensamos o
pacote. Vamos por nossa conta e risco.
Terceiro
dia
Croissants, sucos,
iogurtes, cerejas frescas, café expresso, pão francês - naturalmente - e vários e bons queijos, geleias e sucos.
Claro que um croissant com camembert é obrigatório em Paris. Muito bom pra
começar esse dia que promete!
Já estivemos em
Versailles no final da década de noventa, mas queríamos rever esse cantinho tão
especial da França..
Pegamos o Metrô em direção à Gare du Nord onde
embarcamos no trem em direção à Versailles. Conversa vai, conversa vem e nada
de chegar. Um funcionário veio até nós dizendo que era o fim da linha e
descobrimos que, literalmente, "pegamos
o trem errado". Refizemos o percurso e na Gare, a Sheila, no seu
português claríssimo, solicitou as informações à um guarda acompanhado de um
enorme cão com focinheira, que nos explicasse como chegar até o Castelo. Olhou
pra ela com cara de quem olha uma paisagem, pensou um pouco, ouviu a palavra
Versailles, nos levou até um painel eletrônico e, através de gestos, nos
mostrou o caminho correto. Mudamos de plataforma, pegamos outro trem e
partimos...
A cidade de Versailles
mudou muito. Está cheia de restaurantes, ambulantes, lojas de souvenirs.
Nos ofereceram um
transporte para o Castelo em um "trenzinho" branco e dourado, por 2
Euros. E acreditamos que nos deixariam na porta do Castelo ... Qual o quê!
Poucos minutos depois, nos deixaram numa rua próximo à entrada de Versailhes.
Ficamos indignados, mas de nada valeu. Turista mal informado paga caro .... Não
há necessidade de transporte. A Estação do trem fica a uns dez minutos do
Palácio. Não me lembrava disso.
De 1682 a 1789 Versailles
foi a sede da Monarquia Absoluta e reflete em seu luxo e ostentação a concepção
de poder do Rei-Sol. O poder emana do Rei! E Luís XIV sabe disso. Os números são
impressionantes. São 2700 dependências, 2.143 janelas, 67 escadarias, 13
hectares de telhados, 3 palácios....
E mais.
Capela, ópera, apartamentos luxuosos, gabinetes requintados, salas
temáticas, rica pinacoteca, cavalariças, tetos com afrescos preciosos, salões
magníficos. Isso tudo sem falar nos jardins à francesa, nos bosques, no Trianon
e nos campos de caça.
Os jardins monumentais
contam com 830 hectares de terra, 20 Km de estradas, mais 20 Km de muros e
cercas, 350 mil árvores, flores
harmoniosamente dispostas em quilômetros de canteiros, fontes com dragões,
anjos, cavalos alados, peixes dourados, lagos, pomares, cascatas, alamedas...
Andamos calmamente
pelos corredores e salões fazendo o circuito dos apartamentos, nos extasiando
diante de tanto luxo, tanta arte, tanto fausto. Depois de horas, resolvemos ver
um pouco dos gigantescos jardins. Optamos por um carrinho elétrico e depois de
mais de uma hora de fila, desistimos. Sentamos numa das escadarias enquanto a
Sheila foi sozinha, desfrutar um pouco de toda aquela beleza. O calor forte e o
cansaço acumulado nos deixou mais como expectadores, ouvindo um belo concerto
nos Jardins Reais.
Já à tardinha, exaustos e felizes pela
possibilidade de estarmos vivenciando a história, voltamos calmamente entre uma
alameda de plátanos até o Café Saint Claire, onde comemos e nos reabastecemos
da ótima cerveja Amstel. Os queijos, as
saladas e a carne não podiam estar melhores. A pasta à Carbonara trouxe a
surpresa de uma gema crua sobre a massa. Viva a cozinha francesa!Vive la
France!
Um casal de franceses
moradores da cidade, bem ao nosso lado, acabou rindo das nossas brincadeiras e
risadas e conversamos animadamente. Pediram a conta 3 vezes e acabavam
desistindo, pedindo um café, depois um suco, um sorvete... E foram ficando até
irmos embora.
Indo em direção à
Estação de Trens, passamos rapidamente por uma feira de coisas usadas, onde se
via de tudo, roupas, calçados objetos, antiguidades e muito
"cacareco". Me chamou a atenção, os preciosos copos e taças de cristal
da Boêmia e alguns pequenos fósseis de
trilobita e caracóis, vendidos livremente. Fiquei com vontade de comprar um
deles, mas se me pegam no aeroporto vai dar em todos os jornais que eu estaria
contrabandeando peças de museus. Melhor não!
Agora acertamos
direitinho. Logo estávamos em Paris e decidimos pegar o Metrô até a estação da
Ópera de Paris. Ali, bem no centro da capital francesa, o sol já se pondo,
sentamos num café - Le Belais Paris Ópera -
bem ao lado do prédio suntuoso da Ópera de Paris. Fiquei curiosa com a cerveja vermelha na mesa
vizinha e o garçom explicou que era uma
mistura de soda, cerveja e Grenadine - um xarope de romã. Resolvemos pedir um
para experimentar e achamos horrível! Doce demais, enjoativo, parecendo mais
uma groselha. Horroroso! Melhor mesmo a água San Pellegrinno.
Ali pertinho pegamos
Metrô e voltamos ao hotel. O tico-tico no fubá, tocado por um músico dentro do
nosso vagão levou a Sheila a dançar com o Élcio para espanto geral dos
passageiros. E depois, entusiasmado, o rapaz se acabando no acordeon, cantou Michel Teló... Ai, seu te pego!
Delícia! Ganhou um Euro!
Anoiteceu e nos
despedimos de Paris em meio à um frio que chegou com algumas nuvens
ameaçadoras. Meu pé incomodando muito. Só no hotel descobri uma enorme bolha no
dedão. Nada que um band-aid e uma almofadinha de algodão não resolvam. Agora é
dormir um pouco, que amanhã vamos partir logo cedo.
Quarto
dia
Café da manhã, croissants, camembert e
expresso. 7:30h todos os 32 passageiros, argentinos, chilenos, um irlandês e
muitos brasileiros, já estavam a bordo
do confortável ônibus da Special Tours, com o guia Juan.
As auto estradas
europeias são bem diferentes das nossas. E bem mais caras. Até às 11:00h já havíamos passado por 3
pedágios. A região de Campagne-Ardenes nos
apresentou uma paisagem monótona, de
planícies infindas, cultivadas caprichosamente. Os campo amarelos de colza e
mostarda, o gado bovino, os carneiros, os rolos de feno espalhados sobre o
verde.
Por volta das 13:00h
passamos pela fronteira de Luxemburgo, um dos menores países do mundo, com
apenas 2.500 Km2, onde o dinheiro é
farto e sua população não passa de meio milhão de habitantes. Luxemburgo
é um paraíso fiscal e a renda per capta é uma das maiores do mundo. Lá, os
habitantes quase não pagam impostos. Está situado entre a Alemanha, França e
Bélgica.
A chuva fina,
o frio e a suave neblina nos preocupavam pois, o tempo todo o guia fazia
contatos com o barco que nos levaria pelo Rio Reno e nos alertava que não
poderia garantir nosso embarque se o rio continuasse "crescendo".
Finalmente a boa
notícia. Nosso barco, o Loreley Star iria sair. Atravessamos a cidade alemã de
Boppard, à beira do Reno e logo, debaixo de um chuvisco frio, subimos a bordo.
O Reno estava
realmente muito cheio. É um rio poderoso, de fortes correntezas e redemoinhos. Há
dois mil anos foi a fronteira do Império Romano. Ele nasce nos Alpes suíços e
tem grande importância comercial, pois é navegável em quase todos os seus
1.200Km de comprimento. O Reno corta a Europa
de sul a norte, atravessando seis países..
Entramos em uma
fila para pegarmos comes e bebes,
enquanto o Élcio segurava uma mesa para nós no segundo piso do Lorelay Star.
Costeletas, salsichões, batatas, saladas e canecões de cerveja. E o barco nos
levando suavemente sobre as águas barrentas do rio, entre vinhedos da região da
Renânia, castelos, casas típicas da Alemanha, igrejinhas, jardins bem cuidados
e uma leve neblina embaçando nossas fotos. Mas o frio deu uma trégua e parece
que teremos bom tempo, como estava previsto no nosso pacote. O tempo no barco passou rápido. Tanta coisa pra se ver,
castelos, lendas, história...
Voltamos ao porto de
embarque e antes de seguirmos viagem até
Frankfurt, ainda deu tempo de comer um
apfelstrudel delicioso, macio e
com chantily perfumado com baunilha.
A primeira vez que
estivemos na Alemanha ficamos impressionados com a rispidez dos locais. Agora,
tudo está bem diferente. Nos tratam com gentileza e urbanidade. Reflexos da
Copa do Mundo.
Frankfurt é capital
financeira da Alemanha e uma bela cidade, com prédios lindíssimos, modernos,
arrojados...
Atravessamos a cidade,
sentindo aquele clima de organização e prosperidade até chegarmos a um lugar
absolutamente incrível:- A Römerberg, ou Praça Römmer que fica bem no centro de Frankfurt e é um
conjunto de casas históricas dos séculos XV e XVII e que foram fielmente
reconstruídas, depois do terrível bombardeio de Março de 1944, durante a
Segunda Guerra Mundial. Um verdadeiro mergulho no tempo. Bares, lojas de
souvenirs, igrejas, museus... tudo absolutamente lindo. Flores nas janelas e espalhadas nas mesas dos
bares, esculturas, monumentos... Um lugar encantador!
Na hora estipulada pela guia Carolina, voltamos ao ônibus nos prometendo que
voltaríamos lá à noite. O Hotel Holliday Inn fica na parte sul da cidade, bem
longe do centro, mas próximo a uma estação do Metrô.
O quarto tem uma vista
linda, muito verde e uma igreja, bem em frente. Percebi um cemitério, ao lado
da igreja e fiquei curiosa com o tipo de túmulos. A Sheila não nos deu folga.
Meia para a rotina estabelecida por ela.
Banho a gente toma à noite! Foram as ordens dada. E cumpridas fielmente.
Eu e ela atravessamos a
avenida e tentamos entrar na igreja, mas já estava fechada.
Começava a escurecer
e resolvemos descobrir uma entrada para o tal cemitério. Entramos entre um belo
e extenso bosque de coníferas descobrindo que aquele não é um cemitério comum.
Túmulos pequenos, totalmente ajardinados, com lanterninhas coloridas, e
pequenos mimos, como sapinhos, borboletas coloridas, joaninhas.... Tudo
delicado e muito lindo. Fotografamos um pouco, Danilo e Élcio vieram à nossa
procura e também entraram para ver. Não conseguimos descobrir o nome e o porquê
de tanta boniteza.... Não é um cemitério muito pequeno e pelas datas, nas
lápides, é bem antigo. Na hora de sair já haviam fechado o portão, mas há um
sistema de catracas que dá para pessoas saírem sem, no entanto, permitir a
entrada. UFA!
Mais uma vez a nossa
poliglota de plantão conseguiu, falando em bom português, saber que os taxistas
trabalham durante toda à noite e pediu ao motorista turco que nos levasse à
Praça Römmel. Ela se faz entender em
qualquer idioma. Um espanto!
As luzes começavam a se
acender quando chegamos à praça. Mas ainda havia claridade suficiente para uma
voltinha. Há obras no entorno e os tapumes não nos permitiram chegar até uma
igreja próxima. O lugar é lindo de verdade. A arquitetura preservada pela
reconstrução é fantástica!
Salsichas, muitas
salsichas deliciosas, cerveja alemã e
muita conversa até bem tarde. Novamente um táxi nos levou de volta ao Hotel. E
aí, pensando que ainda teremos tantos dias pela frente, ficamos deveras entusiasmados.
Quinto
dia
Logo que chegamos
ao salão onde o café da manhã é servido,
já vimos a diferença. Em vez de queijos, os salsichões e embutidos de todas as
cores, pães pretos e integrais no lugar dos croissants, muitos tipos de massas
folhadas recheadas com frutas como damasco, frutas vermelhas e maçãs. Frutas
secas, geleias, iogurtes e as fantásticas máquinas de café, onde podemos
apertar um botão e nos servir de um expresso, chocolate, café com leite ou
machiatto. Ficamos ali fazendo planos
para o dia chuvoso. Vamos ver se não vai dar problema....
230 quilômetros e 2:40h
depois, pelas irrepreensíveis estradas alemãs. Na parada técnica vimos três
imensas carretas transportando hélices eólicas. Gigantescas. Mais à frente,
veríamos os parques eólicos em vários pontos das estradas. E as grandes usinas
de distribuição de eletricidade.
Chegamos a Nuremberg
debaixo de uma chuva fria e persistente. Colocamos nossas capas ouvindo as explanações da guia. Carolina que
fala muito rápido e em espanhol não tão claro. As informações saem aos
borbotões e há horas em que os de língua portuguesa ficam meio perdidos. Mas
aos poucos vamos nos entendendo.
Nuremberg conserva o
ambiente medieval em suas ruas e fachadas, apesar de ter sido duramente
bombardeada pelos aliados na segunda Guerra Mundial. Depois do célebre julgamento dos criminosos
nazistas, Nuremberg é a " Cidade da Paz e dos Direitos Humanos".
A grande Praça do
Mercado, apesar da chuva, estava apinhada de turistas. Uma feira com legumes frescos e frutas de
cores vibrantes estavam expostas, mas o movimento de compradores locais era
pequeno por causa da chuva. Flores lindas enfeitavam outras barracas.
A bela Igreja de Nossa
Senhora - -Frauenkirche - com seu famoso
relógio mecânico "Männleinlaufen"-, a arquitetura típica reconstruída meticulosamente, a fonte dourada
cheia de detalhes curiosos - Schöner brunner- nos surpreenderam. Passeamos
entre as bancas, entramos na Igreja e voltamos à praça para admirarmos as
figuras do relógio passearem diante das centenas de turistas, quando soaram as
12 badaladas, exatamente ao meio-dia. Muito interessante.
Saímos, de capa, enfrentando
o frio, pelas ruas antigas, observando o movimento dos visitantes, as lojas
atraentes, o rio muito cheio, as pontes, os afrescos de alguns prédios, os bares e restaurantes. Optamos pelo
Provenza, onde almoçamos muito bem, rodeados de brasileiros turistando pela Europa! Um tinto alemão
ajudou bastante a voltarmos àquela praça maravilhosa. Tínhamos mesmo de seguir
viagem.
Antes porém, não
resisti e entrei na Käthe Wohlfahrt, uma tradicional loja alemã de artigos
natalinos, bem no centro de Nuremberg. Que tentação! Objetos preciosos, de
altíssimo preço, e detalhes incríveis.
Fiquei namorando as fotos da fábrica, o jeito artesanal de se fazer cada
pequeno objeto, as árvores natalinas, os enfeites, cartões.... Tudo maravilhoso! Compras? Só um globo de
neve de 3 centímetros no valor de 30 Euros. Realmente, não é pra quem ganha em
Real.
Agora é rumar até
Praga. A chuva não nos atrapalhou, mas tem de parar logo, se não eu não pago o pacote...
Depois de quase 4:00h
de viagem, percorrendo os 298Km que nos separam de Praga, estávamos cansados.
Mas a chuva parece que vai dar uma trégua.
Fomos direto para o
Hotel Clarion Congress, que fica dentro da Galeria Fenix, com um shopping, praça de alimentação e também é possível pegar
o Metrô, passando por uma porta que sai
direto dentro de uma das Estações, a VYSOCANSKA, da linha amarela.
A recepção é enorme e o
movimento de hóspedes de todas as nacionalidades transformam o espaço em uma
verdadeira Torre de Babel! Orientais, latinos, europeus, indianos, muçulmanos e
árabes. O mundo se encontra no Clarion! Um time de basquete circulava por ali,
uniformizados e sob a severa supervisão dos técnicos. Jovens gigantes e muito
bonitos.
O jantar já estava
incluso e foi uma surpresa. Saladas variadas de nabos, ovos, batatas, carnes ao
molho de pimentões vermelhos, cebolas
assadas, beterrabas raladas e carameladas, massas, embutidos e muito mais.
Difícil escolher. Saborosa e atraente, a comida Tcheca é muito diferente do que
eu imaginava. A cerveja é considerada uma das melhores do mundo. E com razão.
O quarto bastante
amplo, com bons armários, edredons macios e uma chaleira elétrica com café
solúvel e vários tipos de chá disponível. Um luxo!
Sexto
dia
Acordamos cedo, o dia
claro e ensolarado confirmou nossa disposição de não viajar com chuva.
O imenso salão do Clarion, fervilhava de
pessoas de todo o mundo, e o café da manhã procurava atender a todos, sem
distinção: saladas de tomate, alface e muito pepino, pães de todas as cores e
sabores, ovos preparados de 5 ou 6 maneiras diferentes, tortas, folhados,
iogurtes, panquecas, frutas frescas e secas, carnes, sopas, missô, macarrão,
feijões, sucos coloridos, peixes, linguiças, embutidos de vários tipos,
linguiças, salsichas e salsichões.... Uma verdadeira orgia gastronômica.
Observando os pratos
das pessoas vi um sujeito enorme, vermelho e lour, colocar sobre uma quantidade
enorme de macarrão, 2 linguiças gigantes e 6 ovos fritos. Horrorizei! E eram
7:30h ....
Todos no ônibus e a
guia local foi apresentada. Agitada e falante, estressada e conhecedora da
história Tcheca. O ônibus, para minha
surpresa, entrou no estacionamento coberto
do hotel e ali manobrou com a maior facilidade, uma vez que a área do lugar é gigantesca. E muitos ônibus
já estavam estacionados ali.
Seguimos admirando a cidade sob o sol claro e
o calor que já se fazia presente. Paramos
defronte à Universidade de Praga. Os ônibus não podem circular na parte mais antiga da cidade.
Os prédios baixos, as
torres e cúpulas verdes, restaurantes floridos,
praças, lojas, cervejarias. O teatro de marionetes é uma tradição na
República Tcheca e as lojas de bonecos estão por toda a cidade. E as bruxas
também.... A moeda é a Coroa CZK , que o Élcio resolveu chamar de Cazaquistão.
Em alguns estabelecimentos o Euro é aceito como forma de pagamento, mas é
tudo bastante caro, visto a CZK ser bem desvalorizada perante a moeda europeia.
A Ponte Carlos é um dos
lugares mais visitados de Praga e considerada uma das mais bonitas do
mundo. É a ponte mais velha da cidade e
atravessa o Rio Vltava ou Moldávia. O Rio estava extremamente cheio, os
redemoinhos e a força da água eram assustadores e a navegação estava suspensa
há dias. A construção da Ponte começou
em 1357 a pedido do Rei Carlos IV e só foi terminada em princípios do século
XV. Ela tem 516 metros de comprimento e 10 de largura. São mais de 30 estátuas
de santos e de cenas religiosas, esculpidas em arenito, as lanternas e a
beleza, de um lado e de outro da ponte, encantam a todos os visitantes. O
pórtico é suntuoso, mas não nos animamos a subir as escadarias que levam à
torre. O dia hoje promete ser de muitas caminhadas e o melhor é não arriscar.Vimos vários casais de noivos que
vão fotografar na ponte mais romântica do mundo. Não acredito que as fotos
fiquem muito bonitas devido à verdadeira multidão ali presente.
Nos encaminhamos para o
Relógio Astronômico, pois às 12:00h
poderíamos ver a caminhada dos
doze apóstolos. O Orloj mostra um mostrador astronômico com a posição do sol e
da lua, um mostrador calendário e os meses, ou zodíacos. Foi construído em 1410
e é cercado de histórias e lendas.
Uma verdadeira multidão
se aglomera diante da parede sul da prefeitura para ver e ouvir o Orloj.
Saímos dali encantados
e fomos procurar um lugar para almoçar e descansar um pouco. A dificuldade com
a língua é mesmo uma realidade. As
placas, os cardápios, as manchetes do jornais, não esclarecem NADA....
Almoço com uma legítima
Pilsner Urquell, considerada uma das melhores cervejas do mundo e a primeira
cerveja pilsner do mundo. Salada, carne grelhada, batatas e pé no caminho. Bem
ali ao lado do restaurante, compramos um trdelnik, rolo de massa, enrolado em
madeira, assado na brasa e polvilhado de
açúcar. É típico da cidade e tem pra todo lado. Parece pão doce.
Chegamos à Praça Wenceslau, considerada uma das maiores
da Europa e onde tudo acontece. A agitação de turista, charretes, músicos de
rua, guias desesperados procurando os extraviados e uma excelente banda de jazz
fez a Sheila se sentir a musa. Dançou de olhos fechados para delírio dos que a
observavam.
As comidas eram
preparadas ali mesmo, na rua, como os pernis, dourados e suculentos vendidos
para serem degustados no pão... Pena que já tínhamos almoçado.
E fomos em frente numa aventura pela cidade
velha. Castelos lindíssimos, a Igreja de São Nicolas e seu assombroso lustre de
cristal da Boêmia. A fachada é branca e a cúpula de cobre, que com a oxidação e
o tempo se tornou verde é a mais pura expressão barroca. Impressionante!
As lojas de grife,
relojoarias, joalherias e restaurantes finos ficam agrupados em uma avenida de
nome ilegível.
O Castelo de Praga é
uma das construções mais importantes da cidade e data do século IX, serviu de residência aos
reis da Boêmia e hoje, ali funciona o palácio presidencial. É uma área imensa,
onde está a Catedral de São Vito, a Torre da Pólvora, o Palácio Real, conventos
e outras edificações maravilhosas.
Pode-se passar um dia
inteiro ali e não conseguiríamos conhecer todos os detalhes desse fascinante
conjunto arquitetônico.
A Catedral de São Vito
é a maior igreja Tcheca, foi iniciada em 1834 e só foi terminada em 1929. O
estilo gótico é marcante, e lá se encontra o túmulo de São João Nepomuceno e o
Mausoléu Real artisticamente trabalhados em 35 quilos de prata do México. Os
vitrais contam a história daquela terra gloriosa e sofrida.
A Viela Dourada também
fica nessa área do castelo e foi ali na
pequena casa de número 22, onde Kafka escreveu sua obra mais conhecida, Metamorfose.
De dentro do Palácio de
Praga se descortina a cidade em toda sua plenitude. Os telhados vermelhos, contrastando
com o verde vibrante das árvores, as cúpulas, o casario... As janelas de onde
foram atirados os que deram opinião diferente da dos mandatários. É muita
história.
Voltamos, não sem antes
da Sheila dar uma merecida bronca na guia que resolveu correr. Depois ela, a
guia, pediu desculpas e ficou tudo bem. Teve até beijinho de despedida....
Ainda fomos à Igreja do
Menino Jesus de Praga, onde, com surpresa vimos que ali está um altar com uma
pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida. Compramos uns souvenirs e retornamos
ao hotel. O dia foi muito cansativo, mas valeu a pena. Eu e Sheila fomos
usufruir de uma hidromassagem no fitness do shopping, a que todos os hóspedes
têm direito. Relaxamos, conversamos muito com um casal de brasileiros,
lanchamos no próprio hotel e por volta da meia noite fomos dormir.
Sétimo
dia
Dede que saímos do
Brasil já estava decidido que iríamos à Karlovy Vary, que fica
a 120 Km de Praga. É uma cidade balneário, com fontes termais que atraem
os ricos e famosos, há séculos. Foi fundada pelo imperador Carlos IV por volta
do ano de 1310 e hoje conta com 55 mil habitantes.. A cidade já serviu de
cenário para filmes, como Cassino Royale
(Daniel Craig) e As Férias de Minha Vida (
Queen Latifah). Lá também acontece um badalado Festival de Cinema.
Karlovy Vary é cidade
de gente poderosa e tem peculiaridades como o licor Karlovarská Becherovka, com
seus inacreditáveis 38º de teor
alcoólico. Os cristais Moser, fabricados ali,
são mundialmente conhecidos e fazem parte da cristaleira da Rainha
Elizabeth II e do Rei Juan Carlos, da Espanha. As vitrines são estupendas. A
cidade é mesmo a cara da prosperidade e do luxo.
Os hotéis 5 estrelas
estão espalhados pelas colinas e o rio cortando a cidade de ponta a ponta
estava bastante cheio. Os alemães, que dominaram a cidade por algum tempo, e
estão apenas há 35Km dali, não são o maior número de turistas a frequentar o
famosos balneário. Os milionários russos é que predominam nas suítes de luxo e
que custam uma exorbitância.
Logo que desembarcamos já nos apaixonamos pelo ar sofisticado e ao mesmo
tempo simples. Simplicidade sofisticada? Será que isso existe? O tempo, um pouco nublado, não conseguiu
empanar a beleza das ruas de pedestres, as colinas e seus castelos, as cúpulas
douradas da Igreja Ortodoxa, os jardins, parques, colunatas... Tudo limpo,
perfeito, sem estragos.
Ficamos livres da guia, tão logo
atravessamos o Parque e ela nos mostrar as fontes termais que chegam a 73º
graus. A s fontes, cada uma com sua temperatura e indicação terapêutica, ficam
sob as formidáveis e impressionantes
colunatas da Fonte do Moinho e da
Colunata da Fonte do Parque, com seu delicado e artístico trabalho em ferro.
A culinária de Karlovy Vary é requintada para atender os exigentes
turistas que visitam a cidade. Bistrôs, restaurantes finos e outros mais
acessíveis estão por toda parte, enfeitados com cestas de flores, toalhas
impecáveis e garçons solícitos.
Ali perto uma ótima cerveja é fabricada com o lúpulo e a cevada que
cobrem os campos e que pudemos ver da estrada, na vinda para cá.
Escolhemos o que comer nas fotos mostradas pelos atendentes. Um jeito
fácil de se contornar os problemas com as dificuldades imensas da complicada
língua Tcheca. Optei por um maravilhoso mix de cogumelos e carne de cordeiro.
Deixamos os maridos tomando a eterna saideira
e fomos nos deliciar com os últimos momentos nesse paraíso. A toda hora
encontrávamos turistas com uma
canequinha típica do lugar, bebendo as águas termais pelo biquinho da
vasilha, como um bule, ou chaleira. Essas canecas são vendidas em pequenas bancas por toda a cidade.
Sabíamos onde encontrar a guia, e
nos soltamos literalmente, andando pela avenida paralela ao rio, conversando e
reconhecendo lugares por onde tínhamos passado, nos deixando levar pela calma e
tranquilidade do lugar e ... nos "perdemos".
Nada que um bom expresso num charmoso
café e uma perguntas em português, para Tchecos bem humorados, não resolvessem
nosso problema. Logo encontramos os maridos, sentados em um banco, em meio a
flores e crianças, do outro lado do rio. Também ficamos ali, curtindo o parque
até a hora de retornarmos à Praga.
Apesar de cansada, não "preguei
o olho" na viagem de volta. Os campos cultivados, a importante fábrica
da cerveja Krusovice, as pequenas fazendas e sítios, casas perdidas em meio ao verde, placas
pedindo cuidado com os cervos que cruzam a estrada, indicações de castelos e bosques de altos pinheiros não me deixaram
perceber as quase duas horas até ao hotel.
Precisávamos descansar e dar um jeito nas malas. Às 7:30h deveríamos
estar a postos para rumar até à Hungria e não podíamos perder o fabuloso café
do Clarion Congress.
.
Oitavo dia
Às 7:40h já estávamos dentro do ônibus. São 524 Km até Budapeste.
Percorrendo a região da Boêmia e da Morávia nos aproximamos da fronteira com a Eslováquia, que se tornou independente em 1993. Antes formava uma só país com a República Tcheca, a Tchecoslováquia. Ali a guia desceu com o motorista para comprar a permissão para entrarmos no país. Vários caminhões com armamentos pesados esperavam a tal permissão. Muitos soldados, tanques e um aparato de guerra que não estamos acostumados a ver.
Percorrendo a região da Boêmia e da Morávia nos aproximamos da fronteira com a Eslováquia, que se tornou independente em 1993. Antes formava uma só país com a República Tcheca, a Tchecoslováquia. Ali a guia desceu com o motorista para comprar a permissão para entrarmos no país. Vários caminhões com armamentos pesados esperavam a tal permissão. Muitos soldados, tanques e um aparato de guerra que não estamos acostumados a ver.
A capital eslovaca é Bratislava,
que é cortada pelo Rio Danúbio. A estrada, um pouco castigada pelas últimas
chuvas já vem sendo rápida e competentemente recuperada.
Somos 42 pessoas no ônibus e que não se entrosaram ainda. O Élcio,
sempre implicando com o jeitão, diz ele, "arrogante", dos hermanos.
As paisagens se repetem. Campos
amarelos de mostarda e colza, cereais plantados com esmero, beterrabas, nenhum
ser vivente trabalhando nos campos e muitas hélices gigantescas das usinas de
energia eólica. Parecem flores descomunais enfeitando o verde contínuo, sempre
em movimento.
A moeda na Eslováquia é o Euro, na Hungria o Florim Húngaro, que o Élcio
cisma em chamar de "choquito". E
foi na Eslováquia, que por volta de 13:00h almoçamos sanduíches enormes de
embutidos picantes, queijos deliciosos, mostarda forte e cerveja gelada.
Os canteiros de papoulas vermelhas serviram de desculpas para mais
algumas fotos antes de seguirmos viagem até Budapeste.
A mais da metade dos passageiros ficou no Duo, do lado Buda. Havia doze
ônibus de turismo estacionados diante do hotel. Buda a parte da cidade mais
montanhosa e onde estão todos os grandes palácios, catedrais e monumentos
históricos. Também é de onde se tem a melhor vista da cidade, do rio Danúbio e
suas belíssimas pontes, dos telhados vermelhos e da incrível edificação do Parlamento,
um primor do estilo neogótico e cartão postal da cidade.
Seguimos para Peste, que é a parte mais plana de Budapeste, a parte mais
comercial, com lojas de grifes, restaurantes, pequenas bancas de souvenirs,
padarias e confeitarias tentadoras.
Demos sorte e ficamos no mais bem localizado hotel da cidade. O Mercure
Korona, que fica na praça Kalvin e Rua Principal, bem defronte ao Museu
Histórico. O hotel é enorme e tem um
curioso passadiço, ligando os dois edifícios do hotel. Um bar, no lobby, tem
poltronas de onde se pode, tomando um drink, observar o intenso movimento das
pessoas, o trânsito de bondes e carros e dos turistas entrando e saindo do
hotel. Próximo, a Estação de Metrô Kálvin Square.
O sol ainda estava alto, quando chegamos e em menos de 40 minutos já, de
câmara em punho, saímos para ver o Danúbio, que experimenta uma das maiores
cheias de sua história. A Ponte da
Liberdade, também chamada de Francisco José, data do final do século XIX, fica
a menos de seiscentos metros do hotel e é uma verdadeira obra de arte em ferro.
Toda pintada de verde tem várias referências à história da Hungria e seus
heróis. O trânsito intenso de carros e os ciclistas malucos me deixaram pouco
confortável. Lá de cima, o Danúbio não parecia nada azul. Os barcos, impedidos
de navegar e com seus acessos dentro
d'água davam uma ideia da força das enchentes dos últimos dias. Se tivéssemos
optado pelo tal cruzeiro fluvial, nossa viagem teria virado um pesadelo, pois
toda a navegação local estava suspensa, aguardando o rio retornar ao leito
original. Vários vasos de plantas pertencentes à passagem de pedestres às
margens do rio, cadeiras dos bares e as mesinhas estavam debaixo das águas
turvas do Danúbio. Vai ser impossível jantarmos em um barco, à luz de velas
deslizando sobre as águas desse rio, como era nosso plano inicial. Nossa sorte
continua em alta, O sol forte e o calor
dão o tom da viagem. Estou tão bronzeada que quando chegar a BH vão me
perguntar se estive no Nordeste.
Voltamos pela Rua Principal, vendo as belas construções, o Mercado com
telhado de pastilhas esmaltadas, padarias,
sorveterias, o boulevard cheio de
gente alegre e barulhenta. Não resistimos e paramos em um bar para um merecido
repouso, cerveja, água e conversa fiada. Ao lado, um Ice Bar, todo de gelo, mas
que não tivemos ânimo de visitar. Eram quase oito horas da noite quando
voltamos ao hotel e o sol ainda estava brilhando. Fazia calor e o jantar de
hoje estava incluído no pacote. Estávamos
bem cansados depois da longa viagem desde Praga.
O jantar foi num salão de paredes vermelhas com belos lustres de metal,
onde as lâmpadas estavam fixadas em lâminas irregulares de âmbar, o que
conferia ao ambiente uma luz bastante diferente. O peixe e os legumes estavam
insossos, apesar de bem servidos.
No entanto o vinho húngaro surpreendeu. A Sheila, que não come peixe, não quis solicitar uma troca por carne e ficou na cenoura, batatas e na saladinha básica com um pão não muito macio. Viagem tem dessas coisas! Pra sobremesa, um bolo de chocolate quase sem açúcar, cheio de pintinhas brancas que eu não consegui identificar de que seria. Teve gente garantindo ser mofo, mas isso é intriga internacional.
No entanto o vinho húngaro surpreendeu. A Sheila, que não come peixe, não quis solicitar uma troca por carne e ficou na cenoura, batatas e na saladinha básica com um pão não muito macio. Viagem tem dessas coisas! Pra sobremesa, um bolo de chocolate quase sem açúcar, cheio de pintinhas brancas que eu não consegui identificar de que seria. Teve gente garantindo ser mofo, mas isso é intriga internacional.
O quarto do hotel é muito bonito com paredes vermelhas e carpete idem.
Quase todos os hotéis em que ficamos o chá, o café solúvel, creme e adoçantes
estão sempre disponíveis com uma chaleira elétrica e vasilhame descartável de
qualidade superior. Um luxo que eu aproveitei bastante, quando, antes de dormir
me dispunha a anotar algum detalhe do dia agitado e que, com certeza me
esqueceria depois.
Nono dia
O café da manhã, como na Alemanha, estava carregado de comidas gordas e
saborosas. Bacon em profusão, linguiças salsichas enormes, picles, muitos ovos
preparados como omeletes, tortilhas, quentes, cozidos, fritos, poché. Os
folhados e geleias, frutas secas e em conserva com uma suave calda de açúcar,
granolas, iogurtes, saladas de pepino - não sei porque eles insistem nisso - e
os croissants mais saborosos que já comi. Soubemos que esse delicioso pãozinho
foi inventado aqui na Hungria e tem a forma de meia lua, para comemorar a
expulsão dos turcos, durante a invasão otomana. Só depois os franceses se
apropriaram da receita. Em tempo. A meia
lua está na bandeira turca. Além disso tudo, os embutidos coloridos pela
páprica picante são irresistíveis. E como são gordos! Uns muito escuros,
avermelhados, cor-de-rosa... Meu Deus! Isso sim é o pecado da gula.
As pontes de Budapeste são um caso a parte. Não só são importantes como infra
estrutura de ligação entre as duas partes da cidade, mas verdadeiras obras de
arte. A Ponte das Cadeias é a mais bonita delas,com seus leões que guardam a
entrada da Ponte. As histórias que a cercam são fascinantes. A Ponte Margarida
e seus pilares com estátuas rebuscadas são prova de que a cidade foi
privilegiada pelas artes. A mais moderna é a Ponte Elizabete ou Ponte da Sissi,
porque foi a que substituiu a anterior,
bombardeada durante a Guerra.
Sissi é uma personagem sempre presente na história da Hungria. Foi
casada com o imperador Francisco José,
foi coroada Imperatriz da Hungria, teve uma vida bastante infeliz e acabou
assassinada em 1898, em Genebra por um anarquista italiano. Ela amava a Hungria
e o povo húngaro. Várias referências a ela estão por toda a cidade de
Budapeste. Incluindo a ópera, construída por seu marido.
Andrea foi nos contando a história e as curiosidades da Hungria até
chegarmos à Praça dos Heróis, que está localizada no Parque da cidade.
É o maior parque de Budapeste onde edifícios históricos, museus importantes e castelos fazem parte do conjunto arquitetônico da Praça. Ela é uma das mais representativas da cidade, com colunas magníficas adornadas com estátuas equestres, anjos, chefes lendários, heróis e uma coluna altíssima, encimada pelo arcanjo. Um lugar impressionante.
É o maior parque de Budapeste onde edifícios históricos, museus importantes e castelos fazem parte do conjunto arquitetônico da Praça. Ela é uma das mais representativas da cidade, com colunas magníficas adornadas com estátuas equestres, anjos, chefes lendários, heróis e uma coluna altíssima, encimada pelo arcanjo. Um lugar impressionante.
Estava apinhado de turistas e chamou-nos a atenção um grupo de
estudantes muçulmanas muito alegres e barulhentas. Entre elas, uma de burca
negra, fotografando compulsivamente com seu iPhone e iPad.
E continuamos a percorrer a cidade, identificando prédios, monumentos
igrejas e museus. Precisaríamos de muitos dias na capital da Hungria para
conhecermos tantas belezas encerradas nos seus dois lados distintos.
O ônibus nos deixou numa subida íngreme e de lá seguimos a pé até o
Bastião dos Pescadores, um dos monumentos mais bonitos de Budapeste e que está
localizado na área do Castelo de Buda. Sua construção terminou em 1902 e as sete torres são
homenagem aos chefes das tribos que deram início à nação húngara.
A primeira coisa que fiz foi comprar docinhos de gengibre e mandarim (aquela
laranjinha que se come com casca). Foi irresistível. Doces delicados e
desconhecidos, a preço de ouro, sendo vendidos a granel. Os de hibisco, de
damasco, figos minúsculos, ameixa.... Deliciosos.
Bem próximo à Igreja de Mathias, uma das principais da cidade, as fontes
e uma fabulosa estátua equestre do primeiro rei da Hungria, Istvan I, que
reinou do ano 1000 a 1038.
A sensação é de estarmos numa cidade medieval. Muralhas, torres,
escadarias, arcos, miradouros, gramados, árvores e muita gente tirando fotos,
comprando souvenirs e se extasiando com a beleza da paisagem. Lá de cima, se
descortina Budapeste em toda sua plenitude, o precioso prédio do Parlamento e o
Rio Danúbio, que divide a cidade.
Para nos sentirmos realmente na Idade Média, um homem estranho, vestido
em roupas mais estranhas ainda, refrescava um imenso condor ( ou seria um
falcão?) domesticado, Seria uma águia? Assustador.
O calor estava muito forte e o cansaço já se fazia sentir. Mas excursão
é isso. Um trabalho árduo e penoso.
Infelizmente a igreja de Mathias não estava aberta à visitação e, com
pesar, começamos a nos deslocar em direção ao Palácio Real, descendo lentamente
a imensa ladeira.
Durante a segunda Guerra todo o Bairro do Castelo foi destruído e depois
reconstruído, respeitando as características originais da Casa dos Habsburgos.
Vimos a tradicional e coreografada Troca da Guarda, os monumentos, jardins
e a belíssima paisagem que se pode observar de lá. Infelizmente uma visita mais
demorada era impossível naquele momento. O ônibus já nos esperava para nos
levar ao hotel. A tarde é livre, para que a noite possamos estar a postos para
a Gulash Party.
Resolvemos ficar próximo ao hotel, numa região que tínhamos explorado no
dia anterior. Restaurantes simpáticos, lojinhas, o Mercado e muita animação. Almoçamos uma carne
deliciosa com batatas e Ceaser Salad, pra variar.
Danilo e Élcio resolveram por
mais uma cerveja e eu e Sheila nos dirigimos ao Mercado, logo ali.... Uma
limousine rosa e outra branca estavam rodeadas de pessoas que participavam de
um festival (?) Elvis Presley. Uns três ou quatro artistas caracterizados como
o Rei do Rock cantavam e dançavam para a alegria dos "fãs". Claro que
a Sheila não perdeu a oportunidade de dançar com um deles. Foi aplaudida pelos
presentes....e teve certeza de que "Elvis
não morreu".
Já tínhamos dado uma entrada rápida no Mercado para comermos em alguns
dos diversos restaurantes do segundo
piso, mas a multidão e a falta de lugar nos levou para fora, a procura de outro
lugar. Agora, com calma, vamos explorar uma pouco mais esse belíssimo prédio,
de 1897, de telhado colorido em pastilhas esmaltadas e grandes estruturas de
ferro.
As frutas e verduras frescas dão o colorido vibrante às bancas, os
molhos e pápricas, o aroma picante e exótico e os comerciantes, a alegria e
simpatia do povo húngaro. No segundo piso as comidas são um capítulo à parte. A
maior parte desconhecida, cheias de molhos vermelhos de páprica, massas macias,
legumes assados e muita cebola, carnes e embutidos. Lamentamos ter almoçado.
O artesanato é primoroso. Bordados finos, cerâmica ricamente pintadas,
caixinhas preciosas, madeira entalhada, joias em prata e os ovos decorados com
flores e fitas. Tudo bastante caro, mas muito bonito.
Dali retornamos ao hotel e antes, resolvemos visitar o Museu Nacional da
Hungria, que é logo em frente ao Mercure. O edifício clássico com colunas
suntuosas e esculturas encimando a bela construção chama a atenção.
Ali está toda a história da Hungria. Mas não pudemos entrar. Não tínhamos Florins e não aceitavam cartões nem Euros. Um tanto frustradas, atravessamos a rua em direção ao hotel e fomos nos preparar para o Gulash Party.
Ali está toda a história da Hungria. Mas não pudemos entrar. Não tínhamos Florins e não aceitavam cartões nem Euros. Um tanto frustradas, atravessamos a rua em direção ao hotel e fomos nos preparar para o Gulash Party.
Do ônibus fomos admirando a estrada estreita e sinuosa do lado Buda. E
sempre subindo. Nos dirigíamos ao restaurante, ambientado em uma zona mais
rural, como convém a uma festa tipicamente húngara. A guia tentando nos ensinar
como fazer um brinde e uma saudação na incompreensível língua local.
Impossível! As risadas não foram poucas, durante as frustradas tentativas.
Logo na estrada do enorme restaurante, vários ônibus de turismo já
estavam estacionados. Uma prova de habilidade manobrar naquele espaço.
Descemos e fomos recebidos por um húngaro que nos pendurou no pescoço um pequenino cantil de cerâmica contendo a bebida nacional da Hungria. A Pàlinka é uma aguardente de frutas, adocicada e bastante forte. Fizemos o brinde tradicional, algo como egchegueché e entramos no enorme salão, onde as mesas compridas estavam apinhadas de turistas que bebiam, comiam e se encantavam com a música e as danças típicas.
Descemos e fomos recebidos por um húngaro que nos pendurou no pescoço um pequenino cantil de cerâmica contendo a bebida nacional da Hungria. A Pàlinka é uma aguardente de frutas, adocicada e bastante forte. Fizemos o brinde tradicional, algo como egchegueché e entramos no enorme salão, onde as mesas compridas estavam apinhadas de turistas que bebiam, comiam e se encantavam com a música e as danças típicas.
Nem bem nos sentamos na mesa bem arrumada com tábuas de legumes de frios
típicos e chega um homem com a camisa vermelha e nos servindo o vinho branco de
uma estranha ampola de vidro apoiada no ombro, com um longo tubo tampado com o
dedo e despejado em jatos nas taças. Todos queriam uma foto. O excelente vinho
tinto húngaro, veio em garrafas que foram colocadas na mesa, para ser servido à
vontade.
O paprikás szalámi é um tipo de salame com páprica e bastante gordura, macio e semi defumado. Maravilhoso! Fígado de ganso, um patê modelado como uma pequena almôndega, pepinos, frios, queijos fortes, tomates doces, cebolas roxas e outros embutidos saborosos, acompanhados pelo pão, disponível em cestas sobre a mesa. Muita fartura, muita alegria, música e dança sobre o palco.
O paprikás szalámi é um tipo de salame com páprica e bastante gordura, macio e semi defumado. Maravilhoso! Fígado de ganso, um patê modelado como uma pequena almôndega, pepinos, frios, queijos fortes, tomates doces, cebolas roxas e outros embutidos saborosos, acompanhados pelo pão, disponível em cestas sobre a mesa. Muita fartura, muita alegria, música e dança sobre o palco.
Os músicos e dançarinos são zíngaros
formados em academias de música e dança e que são profissionais respeitados. Os
gitanos são os que não trabalham. No
fundo são todos ciganos.
E como num bom menu de degustação os pratos começam a se suceder.
Primeiro o guslash, que é qualquer
ensopado de carne com legumes primorosamente temperado e servido com a pasta de
páprica em separado. Nesse tinha uma massinha miudíssima e irregular, o spätzle.
O molho de tomates picados em grandes pedaços, com cebolas e pimentões bem
cozidos e condimentados foi servido à parte. E aí chegam enormes travessas com enormes pedaços de carne à milanesa, cobertos
de molho de nata, cebolas e batatas assadas, pedaços de repolho, linguiças e
mais carnes. Muita comida rústica e saborosa como os húngaros que moram em zona
rural fazem no seu dia a dia. Os nomes realmente são impronunciáveis, mas o
sabor e a textura daquela culinária são inesquecíveis.
O show vai se desenvolvendo à medida que jantamos. As graciosas meninas
dançam e rodopiam com seus vestidos típicos. Uma dança com uma garrafa de vinho sobre a cabeça sinaliza que
são virgens (?). Os músicos são primorosos, principalmente o violinista. As
outras mesas já estão vazias. O show termina e os músicos resolvem tocar um
samba. Duas - pasmem senhores! - argentinas
sobem ao palco e sambam como cabrochas experientes. E todos se animam,
aplaudem!
Resolvem tocar um tango e o casal mais animado, Élcio e Sheila, dão um show para los hermanos. Aplaudidos, começam, enfim, a se entender. Argentinas fazem declarações de amor ao Brasil. Buenos Aires me encanta! ... e por aí vai.
Resolvem tocar um tango e o casal mais animado, Élcio e Sheila, dão um show para los hermanos. Aplaudidos, começam, enfim, a se entender. Argentinas fazem declarações de amor ao Brasil. Buenos Aires me encanta! ... e por aí vai.
IN VINO VERITAS!
No ônibus uma enorme cantoria. Até a Carolina foi convocada a se
apresentar! Depois de desfrutarmos de uma estonteante Budapeste iluminada e
debruçada sobre o Danúbio, vista do alto de um miradouro, retornamos felizes ao
hotel.
Realmente "no vinho está a
verdade". Só depois dele é que esse grupo de 42 pessoas, que há mais
de dez dias estão confinadas no mesmo ônibus e ficando nos mesmos hotéis, começam a se entender e conversar como velhos
amigos. Pena que logo o grupo da Special Tours vai se desfazer.
Décimo dia
Cedo já estávamos desfrutando o café da manhã e suas delícias. A
confeitaria húngara é delicada e saborosa. Vamos aproveitar!
A saída está marcada pras 9:30h Vamos para Viena, que fica a 250
de Budapeste. Quando passamos pela Ponte
da Liberdade observamos o rio bem mais baixo, pescadores já com suas varas e
alguns cisnes brancos nadando ao sol.
A estrada como sempre, excelente. A paisagem enfeitada pelos
cataventos de energia eólica e painéis coletores de energia solar, campos de papoulas floridas, plantações
verdinhas e os tradicionais rolos de feno espalhados pelo terreno. Algumas
plantações de pêssego e cerejas. Um kartódromo, um campo de golf e uma
refinaria gigantesca já bem próximo a Viena.
O ônibus nos deixou bem próximo à Praça Albertina onde nos foi
indicado um restaurante, o Rosenberger. Imenso, confuso e com uma ótima comida.
Difícil de entender como funciona. Filas enormes, mas serviço rápido e
eficiente. E bastante caro. Comemos no segundo piso onde estava mais tranquilo,
cerveja austríaca e um breve descanso.
Logo ao voltar à Praça identifiquei o Hotel Sacher, onde foi inventado,
por volta de 1830, a famosa Sachertorte, que segue a mesma receita até
hoje e é umas das especialidades da
gastronomia vienense.
Achamos o movimento de turistas um tanto diferente até descobrirmos
que era o Dia da Parada do Orgulho Gay. E tivemos de mudar um pouco nosso
itinerário, pois a guia queria nos levar para conhecer um pouco do centro de Viena.
Viena é uma cidade linda, pulsante de vida e alegria. Uma cidade que
já passou nas mãos de romanos, húngaros, se livrou do cerco otomano, já
foi sede da residência dos Habsburgo e
que teve dois terços de sua população dizimada pela peste, hoje é considerada
uma das cidades de melhor qualidade de vida do mundo.
É uma cidade limpa e segura. Seus serviços públicos são altamente
eficientes. A Educação é prioridade, a cultura e diversão realidade.
Ali viveram Schubert, Strauss, Liszt e tantos outros que deixaram uma
grande herança musical. O rio Danúbio é uma dos símbolos da cidade.
Aos poucos os monumentos e prédios históricos foram desfilando diante
de nossos olhos.
A coluna da Peste e suas figuras em cobre dourado, rodeada de turistas, é um belo monumento no calçadão Grasben. Ali também estão as lojas mais chiques de Viena.
A coluna da Peste e suas figuras em cobre dourado, rodeada de turistas, é um belo monumento no calçadão Grasben. Ali também estão as lojas mais chiques de Viena.
A grande Praça Imperial é um
gigantesco conjunto arquitetônico que abriga Palácios e os tesouros acumulados
pelos Habsburgo durante sete séculos, museus e as preciosas coleções de arte
sacra, a Biblioteca Nacional Austríaca, a Escola de Equitação, capela e outros
tantos edifícios históricos. A Chancelaria Imperial e seu domo de cobre
esverdeado pelo tempo, o belo arco
triunfal ladeado de majestosas esculturas ligam a um outro espaço enorme, com fontes e monumentos preciosos.
Dali pudemos observar a grandiosa construção da Prefeitura e do Museu
de História Natural, onde meu filho trabalhou por uns dias. Parece mais um
palácio.
E continuamos nosso passeio, ao som da multidão que cantava
animadamente na Parada Gay, nos divertindo com as fantasias e adereços dos
participantes. A Polícia isolava os grupos pró gays, dos grupo de religiosos
que gritavam palavras de ordem. Tudo muito civilizado e sem baderna.
O calor e sol forte deixava tudo mais animado. Afinal é verão nessa
cidade, que chega a temperaturas extremas no inverno rigoroso, típico da
Áustria. Uma cerveja Zipfër foi uma boa pedida, no Restaurante Medusa. Enquanto
os homens continuava ali, no restaurante matando a sede, fomos até a
maravilhosa Catedral de Santo Estevão, que domina a paisagem. O telhado de telhas
esmaltadas é lindíssimo.
Essa Catedral gótica existe desde o ano de 1147, mas passou por várias
intervenções e um grande incêndio através dos tempos. Precisaríamos de um dia
inteiro só para conhecermos tantos detalhes, como o púlpito gótico, as colunas
repletas de estátuas de santos, os altares laterais e o principal, os nichos e
suas figuras. Por fora a alta torre do
campanário e as duas torres da entrada mostram a enormidade e beleza da
construção.
Andamos mais um pouco pelo calçadão ouvindo uma cega cantando ópera,
indianos tocando grandes tubos apoiados no chão, alguns gays fantasiados
desgarrados do desfile e a beleza do centro de Viena coroando toda aquela
confusão. Comprei um pacote de cerjas frescas e doces para levar ao hotel.
Voltamos a encontrar os maridos e na hora marcada estávamos a postos
para conhecer nosso Hotel, um pouco afastado do centro, mas próximo de uma
estação de metrô. O Áustria Trend Ananas é um hotel muito bom, quartos decorados
em vermelho, funcionários atenciosos e recepção agradável.
Foi a conta de entrarmos no quarto, receber as malas e sairmos para
uma cantina italiana, com o sugestivo nome de Casa Grande e que fica bem
próximo ao hotel. Uma cerveja, um papo de fim de jornada e pra variar, uma
pizza excelente, em plena capital austríaca. Acabei tomando um delicioso vinho e
os rapazes assistiram parte do jogo Brasil e Japão sem maiores entusiasmos.
Décimo primeiro dia
Depois do café com cerejas , geleias strudel de maçã e de
pêssego, pães e tudo mais que tínhamos direito, embarcamos no ônibus em direção
à Òpera de Viena, que fica bem no centro da cidade e foi construída em 1861. Em
1945 foi bombardeada pelas forças aliadas e teve parte destruída pelo incêndio. Reconstruída durante dez
longos anos, a Ópera de Viena tem um
papel importante na vida cultural da cidade.
Durante todo o ano e a cada uma ou duas semanas a programação é mudada para alegria de turistas e moradores.
Durante todo o ano e a cada uma ou duas semanas a programação é mudada para alegria de turistas e moradores.
Andamos pelo prédio maravilhados com os pesados lustres de cristal, os
dourados das escadarias, as colunas encimadas por obras de arte, os afrescos,
telas de artistas famosos e a arquitetura rebuscada do interior da Ópera.
Estivemos nos bastidores, vendo o trabalho insano dos operários, engenheiros, e
técnicos montando um novo e gigantesco cenário. Nos sentamos no palco e
admiramos as frisas, os camarotes e o
teto lindíssimo. Foi uma visita sem pressa, e que pudemos curtir calmamente
todo aquele ambiente fascinante. Do lado de fora as fontes gêmeas, e os cavalos
alados sobre o teto.
De lá saímos em direção ao Palácio de Schönbrunn, bem perto, por
sinal. Em poucos minutos e já estávamos chegando. A história desse Castelo
Imperial retrata toda a história do Império Áustro-húngaro. Foi
residência dos Schönbrunn, destruída pelos turcos, abandonado e reconstruído
por Leopoldo I, que o queria mais imponente que Versailles. Durante quase um
séculos a construção das dependências desse esplendoroso palácio foi
acontecendo. Com 1440 quartos o Palácio de Verão da família imperial serviu
para várias finalidades até os dias de hoje. Aqui viveu Dona Leopoldina de
Habsburgo, que se casaria com D. Pedro I. Napoleão e sua comitiva se mantiveram ali enquanto os
franceses ocupavam Viena. Em 1945 foi requisitado pelas tropas aliadas e serviu
como quartel general para os britânicos.
Hoje é uma das principais atrações turísticas de Viena, assim como
seus gigantescos e bem cuidados jardins, onde se encontra o mais antigo
Zoológico do mundo, com mais de quatro mil animais.
Como todo palácio, Schönbrunn deixa o visitante extasiado diante de
tanto luxo, tanta beleza, tanta imponência. Percorremos diversas dependências
ornadas de dourado, as paredes recobertas da mais fina tapeçaria, requintados
painéis orientais, móveis cobertos de ouro, lustres imensos do mais puro
cristal e todo o fausto do Império.
Os jardins são uma obra de arte. Flores de cores vibrantes
caprichosamente arrumadas entre os gramados, alamedas de árvores centenárias,
lagos, monumentos, fontes, estátuas... Passamos horas admirando tanta beleza e
imaginando como seria a vida daquela época, pra quem era da realeza.
Voltamos ao centro e resolvemos almoçar em um restaurante bem
atraente. E não erramos. As saladas, carnes, strudel de cogumelos e molho suave
de mostarda, tudo muito bem acompanhado de uma cerveja perfeita nos fez sentir
"reis" em Viena.
E, sendo assim, embarcamos em uma charrete e passeamos por quase duas
horas pela cidade, revendo alguns lugares, conhecendo outros. A Sheila,
sentindo-se rainha, ia saudando os súditos, com um magnânimo sorriso nos
lábios....
Uma visita ao Museu Albertina faz parte do roteiro de qualquer turista.
Nos contentamos com o exterior, subimos pelas escadas rolantes, andamos pelos
corredores iluminados e galgamos ao terraço, de onde se avista toda a Praça e
seu belíssimo conjunto arquitetônico. O sol muito quente e o forte calor nos
levaram de volta ao Café Mozart, no Sacher Hotel. Água e a famosa torta de chocolate do Sacher, um breve
descanso e lá fomos nós turistar mais
um pouco. Dessa vez no Red Bus City Tour. Mais duas horas percorrendo a cidade,
com os microfones nos desvendando em português todos os segredos da capital
austríaca.
A parte moderna de Viena fica às margens do Danúbio e é chamado de
Danau-City. Prédios modernos, altas torres espelhadas onde é o centro
financeiro da cidade, parques, bosques, a antiga e famosa roda gigante, a
fabulosa Igreja do Jubileu do Imperador Francisco José, as sinagogas, os
centros islâmicos e flores espalhadas pelas calçadas e praças. Quantas rosas!
Cansados, resolvemos voltar de metrô. Quatro rapazes nos observavam
com olhares curiosos. Quando chegamos ao nosso destino eles se prepararam para
nos assaltar. Porém, percebemos, Danilo gritou o nome do Élcio de maneira
agressiva e eles desistiram de levar a poderosa câmara, que estava pendurada no
pescoço, no melhor estilo "sou
turista".
Ainda assustados entramos no primeiro bar que estava no caminho, cheio
de alegres rapazes e moças nada convencionais. Depois da primeira cerveja,
vimos que aquee era um bar de gays e percebemos que estávamos "sobrando". Voltamos à cantina italiana
onde jantamos muito bem e retornamos ao hotel. Vamos partir para Lisboa. A
excursão da Special Tours termina no aeroporto, amanhã de manhã.
Décimo segundo
dia
Depois do café e antes do traslado para o Aeroporto de
Viena, ainda consegui comprar uma sandália. Meus pés estão destruídos. Nem as
duas caixas de band-aid estão resolvendo.
O aeroporto fica a pouco mais de meia hora do Hotel e logo
já estávamos na sala de embarque. O voo da TAP, de 3:30h nos conduziu ao
megalomaníaco aeroporto de Lisboa, onde se anda quilômetros até conseguir
chegar à área de resgate de bagagens e mais meio quilômetro até avistarmos
nosso receptivo. Canseira!
O Hotel Aviz, a dez
quilômetros do aeroporto, fica juntinho
à Praça Marquês de Pombal e a Avenida da Liberdade, em uma excelente
localização. O Hotel é um quatro
estrelas e que na década de 30 recebeu hóspedes famosos como Frank Sinatra, Ava
Gadner, Evita Peron, o rei da Romênia, Marcelo Mastroianni e outros do jet set
internacional. Hoje é um hotel elegante, porém sem os luxos do passado e que
atende com simpatia e cordialidade.
Enquanto decidíamos o que fazer, mapa na mão e cerveja pra
variar, no balcão do lobby do Aviz.
Resolvemos descer até o Tejo pela avenida da Liberdade,
enfrentando o vento frio. Dizem por aqui que
quem não viu Lisboa não viu coisa boa.. E é assim. Lisboa é certamente um
dos melhores lugares do mundo. Mistura de forma harmoniosa a poesia, a luz, os
aromas, os sabores, o novo, o velho, as memórias do passado...
A Avenida da Liberdade é longa e liga a Praça Marquês de
Pombal à Praça dos Restauradores. É um dos marcos turísticos de Lisboa com
grandes canteiros floridos, árvores
frondosas, teatros, edifícios históricos e lojas de grife, que fazem dessa
avenida uma das mais caras do mundo. Vimos o Elevador da Justa, admirando a
arte nas calçadas portuguesas.
E assim caminhamos até à Praça dos Restauradores, já próximo ao Rossio, admirando a arquitetura e avistando o Castelo de São Jorge, lá no alto. Batemos algumas fotos e seguimos pela Rua da Prata até o Terreiro do Paço, ou Praça do Comércio.
As arcadas que circundam o grande espaço, abrigam hoje parte dos departamentos do governo português. Por ali também, cafés, restaurantes e pequenas lojas.
E assim caminhamos até à Praça dos Restauradores, já próximo ao Rossio, admirando a arquitetura e avistando o Castelo de São Jorge, lá no alto. Batemos algumas fotos e seguimos pela Rua da Prata até o Terreiro do Paço, ou Praça do Comércio.
As arcadas que circundam o grande espaço, abrigam hoje parte dos departamentos do governo português. Por ali também, cafés, restaurantes e pequenas lojas.
Fomos até á beira do Tejo encolhidos por causa do vento
gelado. As pontes, o mar e o Rio se confundindo, os barcos balançando soprados
pelo vento forte. Sentimos ali, Lisboa como uma cidade de mar, de cultura, de
fascínio.
Onde comer? A fome já dava sinais, pois apesar do dia claro
já passava das 21:00h. Na dúvida, um guarda de trânsito nos indicou um
restaurante em frente à um Hospital. Não vai prestar...
Defronte ao Hospital Santa Marta o restaurante Mastro é especializado em grelhados no carvão e
frutos do mar. Vinho bom, cerveja Sagres, serviço simpático e comida excelente,
para nossa surpresa.
De táxi, logo estávamos no Aviz. Precisamos mesmo
descansar. Como diz Fernando Pessoa, a
melhor maneira de viajar é sentir. E estamos sentindo que Lisboa vai ser um
ótimo programa para finalizar nossa viagem.
Décimo terceiro
dia
No próprio hotel, compramos um passe do Red Bus válido para
o dia inteiro, e debaixo de chuva fina
começamos o passeio por Lisboa, com os fones nos ouvidos, curtindo a
cidade, que mesmo nesse dia frio e chuvoso cativa o turista pela magia da
cidade, que é feita de muitas cidades.
Descemos no Parque das Nações, em Santa Maria dos Olivais,
debaixo da chuva, que não estava incluída em nossos planos.
O Oceanário, que é um dos maiores do mundo, é uma
instituição de pesquisa e possui uma fabulosa coleção de espécies dos oceanos
do mundo. Recebe uma média de um milhão de visitantes por anos e foi inaugurado
para Expo 98. O tema é "Os oceanos, um Patrimônio para o Futuro." São
mais de 30 aquários, mais de sete milhões de litros de água, milhares de
espécies entre plantas, animais marinhos, mamíferos e aves.
Ficamos hipnotizados com os tubarões, barracudas, arraias
enormes, atuns, peixes tropicais de cores brilhantes, um raro peixe-lua, siris,
caranguejos... E depois lulas, polvos enormes, lontras, pinguins,
papagaios-do-mar...
Versos e poemas espalhados pelos negros painéis ..."Quando eu morrer voltarei para
buscar os instantes que não vivi junto ao mar".
A todo momento se percebe os tratadores de pinguins,
lavadores de telhado e mergulhadores dando um trato nos corais com pequenas
escovas ...Vê-se que o lugar conta com centenas de funcionários. Grupos de
crianças sentadinhas perante os aquários ouvem as explicações das professoras.
A infra-estrutura é perfeita. Em uma
lojinha no fim da visita comprei uns bichinhos de pelúcia para os miúdos.
Ao sairmos pegamos o teleférico que nos leva como se
estivéssemos flutuando entre o azul do Tejo e o Parque nas Nações. A Ponte
Vasco da Gama é uma visão muito próxima.
O vento balança nossa cabine. De cima, ver Lisboa sob esse ângulo é um
privilégio. Algumas fotos e minutos
depois já estamos desembarcando próximo ao Hotel Myriad, o mais alto Edifício
de Portugal, integrado perfeitamente à Torre Vasco da Gama, onde funciona um
restaurante giratório. A impressão é que aquilo todo é um mastro de vela náutica, adentrando ao Tejo. Parece
que estamos em Dubai.
Esperamos o Red Bus
por uns dez minutos e continuamos nossa jornada por Lisboa.
Que beleza as abóbodas da Gare do Oriente com o estilo
arrojado e inconfundível do arquiteto
Santiago Calatrava. Elas também compõem o Parque das Nações. Lisboa é
tradicional e moderna, e cada momento vamos descobrindo novas sensações dessa
cidade incrível.
Descemos próximo à Torre de Belém. é uma bela fortificação
construída exatamente na Praia de onde saíram as Caravelas do Descobrimento. Os
arabescos lembram todos os símbolos de Portugal e alguns exóticos, como um
rinoceronte, flores e brasões. O sol forte tornou nossa caminhada um tanto
penosa. A área é enorme, com árvores e jardins. Almoçamos ali perto,
descansamos um pouco e seguimos rumo ao Padrão dos Descobrimentos. Um pouco
distante porque tivemos de contornar uma marina cheia de embarcações de pequeno
porte.
Com mais cinquenta metros de altura, esculpido em pedra de
lioz - típica de Portugal - esse
monumento foi inaugurado em 1960 e tem a forma de uma caravela entrando no mar.
Trinta e três portugueses ligados ao descobrimento podem ser identificados, navegadores,
pintores, cartógrafos e o poeta Luis de Camões.
Logo em frente, do outro lado da avenida o portentoso
Mosteiro dos Jerônimos e seus belos jardins. Dessa vez não visitaremos o seu
interior, nos contentaremos em ver todo o majestoso conjunto arquitetônico que
comporta a igreja, claustro, túmulos de figuras notáveis como Vasco da Gama,
Camões e Fernando Pessoa, arcadas jardins internos, museus. Precisaríamos de
algumas horas para visitá-lo com calma.
Andando entre os numerosos grupos de turistas chegamos ao
famoso "Pastéis de Belém". Eu quero! As filas gigantes, não nos
intimidaram. Descobrimos que se sentarmos para um café, não precisamos
enfrentar as tais "bichas" ( filas
no português de Portugal).
Fundada em 1837 a loja oferece o mais tradicional dos doces
conventuais portugueses, além de pãezinhos, marmelada e biscoitos finos. Só
queríamos um café e os fantásticos doces. Maravilha! Com açúcar e canela
então....
Sentados em uma mesa pequena, pudemos observar as centenas
de grandes tabuleiros saindo do forno e ganhando os clientes. Um loucura! São
perfeitos, delicados, deliciosos.
Passamos defronte ao Museu do Coche, mas a animação já
estava em baixa. Esperamos por uns minutos o Red Bus e seguimos em frente
absorvendo o máximo que Lisboa podia nos proporcionar. A praça de Touros, o
Jardim Zoológico, as largas avenidas, o Porto, a casa de Bicos.... Chegamos
finalmente à Praça Marquês de Pombal, não sem antes passarmos pelo Parque
Eduardo XVII.
Jantamos ali próximo ao Hotel, com um bom vinho, saladas e
carnes grelhadas. A divisão de ambientes do restaurante é uma parede, de prateleiras de vinhos
portugueses. Do Porto, do Vale do Rio Dão, do Minho, do Douro, do Alentejo...
Décimo quarto dia
Do Brasil
contratamos um "personalizado"
para nos levar à Fátima, Óbidos e Batalha.
O Café da manhã no Aviz é bem diferente dos demais hotéis
pelos quais passamos nessa viagem. Nada de tumulto, de gente falando alto e
nenhuma fila. Tudo clássico, europeu. Mobiliário, arranjos, decoração, serviço
e uma bela estátua de uma indígena brasileira compondo o ambiente.
Os pastéis de Belém, o excelente pão preto e o camembert,
fizeram a minha alegria.
Por volta das 8:30h, o Tiago já nos esperava numa
confortável van Mercedes. Jovem, bonito e de uma simpatia cativante nos levou
pelas inigualáveis estradas portuguesas até Fátima. Frio, um pouco de neblina e
muita fé envolvem esse lugar santo. Ouvimos a história das aparições de Fátima
contadas de forma simples e convincente.
A casa de Jacinta e Francisco, com objetos da época, o grande terreiro com figueiras centenárias e ainda produzindo frutos de qualidade, o poço do Arneiro onde as imagens brancas das crianças levam os turistas a rezarem em silêncio. Tudo isso nos faz refletir e rezar agradecendo a Deus por estarmos ali.
A casa de Jacinta e Francisco, com objetos da época, o grande terreiro com figueiras centenárias e ainda produzindo frutos de qualidade, o poço do Arneiro onde as imagens brancas das crianças levam os turistas a rezarem em silêncio. Tudo isso nos faz refletir e rezar agradecendo a Deus por estarmos ali.
A casa da irmã Lúcia também é simples e bem pequena. Cheia de fotos, e referências à aparição da Virgem. Ruas estreitas, casinhas simples
com flores nas janelas e nos pequenos jardins, muitos turistas e peregrinos.
Chegamos ao Santuário de Fátima ouvindo toda a história que
cerca aquele lugar. A Basílica foi iniciada em 1928. Fátima é um lugar de
silêncio, onde as pessoas falam baixo,
rezam, refletem sobre a vida e os mistérios da fé, independente da religião que
praticam. Entramos primeiro na Igreja nova, onde uma bela imagem de João Paulo
II nos dá as boas vindas. O altar é moderno, e o painel ao fundo , dourado
e trabalhado com arte, lembra um pouco a
arte bizantina dos mosaicos de ouro.
Andando em direção à Basílica, passamos por baixo das redes
de aço, que enfeitam a passagem, cheia de um simbolismo simples e que
emociona. O crucifixo, 34 metros de altura, chama a atenção dos
peregrinos, assim como a coluna no meio da
enorme esplanada, que é encimada
por uma estátua de Jesus dourada e que parece acolher quem está ali.
A grande Basílica, com a torre sineira tendo em seu topo a
coroa dourada da Virgem, fica no alto da escadaria monumental. Nas laterais os
arcos a abraçam e dão vida à via sacra e
seus 14 painéis lindamente pintados.
E tem ainda o fontanário de Fátima, o toucheiro onde
milhares de velas ardem em agradecimento ou à solicitação de graças e um
presépio de linhas modernas. Dentro da Basílica estão os túmulos dos três
videntes da Virgem, um imenso órgão de tubos, e muitos fiéis em oração.
Na antiga capelinha, de 1919, um padre celebrava um missa e
o povo entoava cantos que invadiam a Cova da Iria.
A imensa árvore, chamada de Azinheira Grande, com mais de
cem anos, é testemunha viva do milagre de Fátima.
Nos encontramos com
o Thiago, próximo ao lugar onde um pedaço do muro de Berlim, citado em um dos
segredos de Fátima, está entre placas de vidro, exposto como símbolo da queda
do Comunismo.
Ainda sob o impacto e emoção desse lugar tão especial,
compramos algumas lembranças em uma das centenas de lojinhas ao redor da
Esplanada e seguimos viagem
Devemos almoçar em Batalha. Tiago continua nos contanto em
tom coloquial a história da Região de Leiria, que vamos percorrendo, sem
pressa. Exatamente, após uma curva,
quando nos contava que o portentoso Mosteiro de Batalha tinha sido
mandado construir por Dom João I - Mestre de Avis - para agradecer a Deus pela vitória na batalha
de Aljubarrota, em 1385, nos deparamos com a maravilhosa construção gótica do
Mosteiro. Impactante!
O Mosteiro de Batalha é classificado pela UNESCO como
Patrimônio da Humanidade e também é chamado de Convento de Santa Maria da
Vitória, é uma verdadeira joia arquitetônica do gótico português.
Já é tarde e vamos almoçar antes de visitar o Mosteiro. O
restaurante "O Mestre" é ao lado do Hotel do mesmo nome (Hotel Mestre
Afonso Domingues). Bem decorado e com as mesas já arrumadas com taças, guardanapos
e arranjos delicados. Fizemos nossos pedidos e ali, saboreando um tinto
perfeito, ficamos defronte à maravilhosa construção do Mosteiro. Comida
excelente e serviço também. O banheiro até
mereceu uma foto. Convidamos o Tiago para nos fazer companhia. Não é todo dia
que encontramos uma pessoa tão especial.
Após o almoço, comprei uns figuinhos secos, doces como mel,
em uma barraquinha de doces e biscoitos ali perto.
Na praça defronte ao Mosteiro fica a estátua equestre de
São Nuno de Santa Maria. No interior a surpresa diante da arquitetura arrojada
e dos detalhes rebuscados foi grande. O gótico é um estilo único e instigante.
Em todos os lugares, em qualquer cantinho, arte, arte e mais arte: púlpitos,
vitrais, coro, mobiliário, altares, túmulos, pórtico... Tudo maravilhosamente harmônico e bem preservado.
Mais um pouco ali
dentro ouvindo a história que o Tiago tão bem sabe contar e pegamos novamente a
Estrada, agora em direção à Nazaré.
A pequena Vila de
pescadores deu origem ao povoado, hoje com mais de dez mil habitantes. Na
grande praça vendedoras com as típicas Sete Saias vendem guloseimas, as lojas
de souvenirs cheias de turistas, a igreja, casas pequenas com jardins
floridos... Chegamos à beira de um
penhasco, onde se descortina a parte baixa da cidade, bem rente a praia. O
casario branco de telhados vermelhos é uma visão inesquecível. Que coisa linda,
o mar, as casas, a larga faixa de areia clarinha e o sol querendo se esconder.
Vamos seguir em frente, pois ainda vamos visitar Óbidos.
Óbidos significa "cidadela, ou cidade fortificada".
Essa pequena Vila, também na região de Leiria tem séculos de história, uma
muralha bem preservada, o aqueduto com seus arcos perfeitos, um castelo e o
casario mourisco, que emprestam ao lugar ares medievais. Óbidos tem uma
história bonita. Foi presente do rei à sua mulher.
Uma vila inteira de presente. Por isso é também chamada de vila das Rainhas. Passamos pelo pórtico e mergulhamos no passado. Começamos a subir a rua de pedras, vendo as casinhas, o comércio, as lembranças oferecidas nas portinhas das lojas pequenas e bem decoradas de forma ingênua e harmoniosa. O licor de ginja, ou simplesmente ginginha, é um licor da frutinha vermelha similar à cereja que se compra em copinhos de chocolate e é bastante saboroso. As ruas estreitinhas vão nos levando para o alto. A cidade amuralhada oferece, lá de cima uma visão fascinante de toda a vila. O frio e o vento eram constantes e nuvens escuras ameaçavam nosso passeio. Mas a chuva não caiu e continuamos a viver aquele momento mágico. estar em uma cidade medieval e se sentir, mais uma vez privilegiado.
Uma vila inteira de presente. Por isso é também chamada de vila das Rainhas. Passamos pelo pórtico e mergulhamos no passado. Começamos a subir a rua de pedras, vendo as casinhas, o comércio, as lembranças oferecidas nas portinhas das lojas pequenas e bem decoradas de forma ingênua e harmoniosa. O licor de ginja, ou simplesmente ginginha, é um licor da frutinha vermelha similar à cereja que se compra em copinhos de chocolate e é bastante saboroso. As ruas estreitinhas vão nos levando para o alto. A cidade amuralhada oferece, lá de cima uma visão fascinante de toda a vila. O frio e o vento eram constantes e nuvens escuras ameaçavam nosso passeio. Mas a chuva não caiu e continuamos a viver aquele momento mágico. estar em uma cidade medieval e se sentir, mais uma vez privilegiado.
É hora de voltar a
Lisboa, com o coração leve e cheio de alegria por ter conhecido esse pedacinho
de Portugal. Ficou a vontade de voltar e passar uns dias por aqui. Talvez nas
festas medievais que acontecem todos os anos.
São apenas 80 Km
até Lisboa e logo já estávamos no Hotel para um banho rápido, pois hoje
jantaremos aos som do Fado. Apesar de já perto das 21 horas, o dia ainda está
claro.
Em 1997 estivemos
no Bairro Alto, que é o bairro que abriga
a vida noturna mais animada de Lisboa, com bares, restaurantes e casas
de Fado. Ruas estreitas, casarões antigos, pedras como calçamento e um jeito
das antigas cidades brasileiras. Não tem jeito. Estando em Lisboa a todo momento
nos deparamos com um pedaço do Brasil.
O fado, que em
latim quer dizer destino é um estilo musical cantado em Portugal,
normalmente acompanhado da guitarra portuguesa e da viola. São várias as casas
especializadas. Resolvamos voltar à Adega Machado que já completou 75
anos, foi remodelada, mas continua mais
tradicional do que nunca. Ali, a fadista Amália Rodrigues se projetou para a
fama.
O Fado canta o
amor, a saudade, o destino dos amantes, as tragédias amorosas, a tristeza do
amor perdido, a amargura... canta Lisboa, seus antigos bairros e Portugal como
a pátria sempre amada. Os versos
ingênuos e tristes, nas belíssimas vozes dos fadistas presentes na casa, enchem
de emoção os portugueses e os visitantes. A gastronomia da casa é de primeira
qualidade, os vinhos primorosos e a cerveja Sagres. Optei por um Dá cá bacalhau e o Danilo um Ó que três. Eu devia ter fotografado
todos os cardápios portugueses. Os nomes dos pratos são inacreditáveis.
Alguns versos
ouvidos por lá....
...e se não estivesses ao meu lado, não
haveria o Fado, nem fadista como eu sou...
...Lisboa cidade mulher da minha vida.
Lisboa menina e moça...
...O Fado é um malandro vadio. OH! Júlia,
andas com a noite na alma....
...viver abraçada ao Fado, morrer abraçado
a ti....
...Seus olhos são mistérios, que só se
encontra uma vez. Deus fez os teus, não fez mais. Por ver o perigo que fez...
... os amantes infelizes deveriam ter
coragem para mudar o caminho...
...Acho inúteis as palavras, quando o
silêncio é maior. Inúteis são os meus gestos , para falarem de amor.
Acho inúteis os sorrisos quando a noite nos
procura. Inúteis são minhas penas, pra te falar de ternura.
Ah! Eu acho inúteis nossas bocas, quando
voltar o pecado. Inúteis são os meus olhos pra lhe falar do passado. Acho inúteis
nossos corpos quando o desejo é certeza. Inúteis são minhas mãos nessa hora de
pureza!
Amanhã é nosso último dia! Que viagem fantástica!
Décimo quinto dia
Mais
uma noite no charmoso Hotel Aviz. Por sugestão do recepcionista, em vez de
irmos de Red Bus para Cacais e Estoril, pegamos o táxi do sr. Tó (Manoel
Antônio), combinados por E$100 para nos levar a Cascais e Estoril, mais ou
menos de 9 horas até por volta de 13 horas.
Gentil e engraçado, o Sr. Tó nos conduziu, até o Cabo da
Roca, que já conhecíamos e que, como disse Camões, "onde a Terra se acaba e Mar começa" o vento gelado nos
desequilibrava e desencadeou um acesso de risos incontrolável. Precisamos
segurar para não cair, tal era a força do vento. Parecia que íamos congelar.
O Cabo da Roca é o ponto mais Ocidental da Europa. Ali existe uma loja turística e um belíssimo farol. A vegetação é única, flores e plantas diferentes de tudo que já vimos. Muito bonito.
O Cabo da Roca é o ponto mais Ocidental da Europa. Ali existe uma loja turística e um belíssimo farol. A vegetação é única, flores e plantas diferentes de tudo que já vimos. Muito bonito.
Curtimos um pouco a belíssima paisagem, o mar batendo nas rochas, as falésias e ao longe as
embarcações coloridas...
Em poucos minutos paramos na Praia do Guincho, onde tem
um hotel e onde os Lisboetas gostam de aproveitar os dias de sol. O mar é de um azul tão profundo que parece o
mar do Caribe.
Mais um pouco e chegamos à Boca do Inferno. Um
impressionante conjunto de rochas escavado pelo mar, batido
incessantemente pelas ondas. Parece que
foi uma gruta arrasada pela força das águas, formando uma cratera na rocha. Pescadores se arriscavam na beira do
paredão. Outro lugar pra ficar na lembrança.
Cascais finalmente! Antigamente, Cascais era o retiro de
verão da monarquia portuguesa e foi o refúgio de reis europeus durante a
Segunda Guerra. A meia hora de Lisboa, Cascais tem hotéis estrelados, é lugar
de pesca farta, vida cultural intensa e atividade noturna agitada. As areias
brancas, o mar azul e os restaurantes refinados fazem de Cascais um dos
destinos de verão mais sofisticados de toda a Europa.
Ficar pelo calçadão vendo as pessoas na praia, as
crianças correndo entre os canteiros floridos e o intenso movimento dos barcos
é apaixonante.
Seguimos agora para Estoril, que é ligado a Cascais e
fica a 18 Km do centro de Lisboa pela Marginal, uma linda estrada que vai mesmo
margeando o mar e o Tejo, que se confundem logo à frente.
O Cassino Estoril é o maior da Europa e atrai milhares de
visitantes todos os anos. Os esplêndidos jardins, com as tradicionais
palmeiras, as fontes que à noite se iluminam para o balé das águas, o comércio
luxuoso, os hotéis elegantes e a gastronomia fina atraem e conquistam os
visitantes.
Combinamos com o taxista de nos deixar no Castelo de São
Jorge. Isto é otimizar o tempo do nosso último dia em Lisboa.
O Castelo fica no topo da mais alta colina do centro
histórico e tem o nome do protetor dos cavaleiros das Cruzadas. O lugar já foi
invadido por visigotos, mouros e romanos. Parte do Castelo foi destruído no
grande terremoto de 1755 e reconstruído por diversas vezes. Suas onze torres
podem ser visitadas e os belos jardins, escadarias e bancos de pedra, os canhões,
a muralha, o Museu e as ruínas arqueológicas podem ser admiraoas e de graça
pelos habitantes de Lisboa. Os turistas pagam pouco mais de E$7. Vários eventos
artísticos e culturais acontecem na
imensa área que cercam o castelo. Gansos, patos e lindos pavões passeiam pelos
jardins floridos entre as pessoas, sem nenhum problema. Carvalhos centenários,
oliveiras e figueiras completam a paisagem
O que mais atrai nesse lugar é a vista ímpar que se tem
de Lisboa. Lá do alto, vamos identificando a Avenida da Liberdade, o Rossio, as
Pontes, o Tejo, a Praça do Comércio... Um passeio visual pela cidade, então
iluminada por um sol forte e sob o céu absolutamente azul. O casario, as
igrejas... Todos os segredos de Lisboa
estão diante de nós.
E começamos a descer em direção ao Bairro da Alfama.
Queria comer as tão faladas sardinhas na brasa. E foi no Bar do Santiago que
sentamos para uma Sagres bem gelada e aguardamos as sardinha. Decepção total.
Eles assam as sardinhas levemente salgadas, com escamas e tripas. Exatamente do
jeito que chegam às redes dos pescadores. E as comem inteiras, com tudo. Vimos
duas mulheres na mesa ao lado comerem as bichinhas inteiras. Só sobraram as
espinhas. Nem a cabeça ficou no prato. Realmente não dá. Destrinchamos as
sardinhas para comer a carne tenra e saborosa. Mas desistimos de pedi-las para
o almoço. Fiquei mesmo no carneiro (borrego) com batatas. Gostei da troca.
Cansados, os homens votaram ao hotel e eu e Sheila fomos
ao Shopping Colombo. São mais de trezentas lojas, cinemas e restaurantes.
Difere um pouco de outros Shoppings porque os corredores foram substituídos por
"ruas", com nome, praças, esquinas. Muito interessante a concepção
desse centro de comércio, que fica bem próximo do estádio do Benfica.
Finalmente a Sheila conseguiu comprar um
relógio de cozinha que ela tanto procurava.
Tomamos um expresso com pastéis de Santa Clara, pegamos
um táxi e voltamos ao Aviz. Hoje temos de ter um jantar de despedida à altura
dessa viagem.
Por volta das 20 horas, chegamos ao Rossio caminhando até
chegarmos à rua turística Portas de Santo Antão. Acabamos por nos assentar nas
mesas de fora do Restaurante Churrasco. Nessa rua tudo acontece. Malabaristas,
artistas de rua, engolidores de fogo, instrumentistas. Um vinho do Porto, e
grelhados com aspargos macios e suculentos nos foram servidos de forma amistosa.
Brindes e uma saudade prematura. Ainda ali e já com a saudade se instalando.
Logo cedo já nos dirigimos ao aeroporto de Lisboa, onde
filas quilométricas nos aguardavam nos balcões de atendimento da TAP. A viagem
de volta foi durante o dia, o que parece prolongar esse voo tão comprido. Mas
chegamos bem, sem passeatas e manifestações nos esperando.
Agora é começar a programar a PRÓXIMA VIAGEM... Para
onde? Quando? Com quem? Espero que esses companheiros de viagem tenham gostado
tanto que voltem a viajar com a gente. Eles fizeram da nossa jornada um
sucesso. Obrigada Sheila e Élcio!