" Em 1999 eu trabalhava à noite, numa escola de periferia, alfabetizando adultos....Foi quando aconteceu...."
Mesmo não querendo acreditar, são três os suspeitos do delito cometido. Mesmo sabendo ser difícil acreditar que bons profissionais, militantes na área da educação se prestem a semelhante papel, somos obrigados a incluí-los no rol dos principais interessados em atrasar nossa saída, em plena quarta-feira, véspera das tão esperadas férias de julho. No entanto, não foi descartada a hipótese de que algum aluno, insatisfeito com a pluralidade reinante, tenha cometido essa experiência transgressora. Palito, ou outro objeto não identificado, introduzido cuidadosamente dentro de um cadeado, pode levar um bando de mulheres ao total desespero. principalmente à noite e próximo à uma favela violenta.
Mas não foi isto que aconteceu.
Inacreditável!
Apesar do “adiantado da hora”, havia muito bom humor reinando, sob as luzes dos novos holofotes.
O porteiro, de marreta em punho, não conseguia abrir o famigerado Papaiz. Não houve clips, canivete, martelo ou chave de fenda que vencesse a resistência do dito cujo.
Filosofamos muito tempo, sentadas no murinho da garagem, sobre o promíscuo comportamento sexual da genitora do aluno que perpetrou a malévola ação. Reafirmamos nosso compromisso de não deixar transparecer para os garotos o nosso contratempo noturno. Houve, inclusive, a sugestão para que fosse feito um comunicado, dizendo que, aproveitando a luz do luar, ficamos fazendo uma reunião pedagógica, convocada pela diretoria, em caráter de urgência. Outra idéia que surgiu foi a de tentar convencê-los de que estaríamos inaugurando a novíssima iluminação hollywoodiana, recentemente instalada. De qualquer maneira, isto só será decidido futuramente, em assembléia e com o devido registro em ata.
Uma colega, com mais iniciativa, imediatamente chamou o maridão, que veio em nosso socorro mais rápido que o Batman.
Eu sempre soube que marido das outras é bem melhor que o da gente (pois nunca nos dá problema), mas nunca imaginei que fosse tão melhor assim:
- Viva o marido da outra! E o serrote e a caixinha de mil e uma utilidades que ele trouxe para resolver nosso angustiante problema. E não é que resolveu mesmo? De forma rápida e competente.
No final dessa história, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Agora, tão logo se compre um novo cadeado e se faça as 50 ou 60 chaves necessárias, evidentemente que outro palito será devidamente introduzido no tal orifício e toda a história se repetirá. Só que agora saberemos a quem recorrer.
Experiências anteriores é tudo que se espera de uma equipe!
Em tempo: Cheguei em casa, bati com o carro no portão da garagem que imediatamente saiu do trilho. Por volta de 23:30h eu e a família (que foi devidamente acordada por mim, incluindo alguns sonolentos vizinhos) conseguimos fechar o famigerado portão e demos pela falta do cachorro. Saí com meu filho, rodando de carro pelo bairros vizinhos à procura do “infeliz”, que estava, traqüilamente dentro de casa, placidamente dormindo embaixo de uma cama. Como meu celular estava com a bateria arriada, só fui saber da boa nova , ao retornar ao "lar doce lar”, por volta de meia noite. Oh, stress insuportável!
Em tempo, de novo: Como o marcador de combustível do meu velho chevette estava estragado e por causa das peripécias de ontem, eu não lembrei de abastecê-lo e fiquei presa na garagem da escola. Em parte foi bom: - Descobri que o meu marido também consegue resolver problemas com a mesma competência do marido daquela outra. Basta ligar!
"Trabalhar à noite era muito bom!"