sábado, 28 de junho de 2008

EMJP -Desventuras




" Em 1999 eu trabalhava à noite, numa escola de periferia, alfabetizando adultos....Foi quando aconteceu...."


Mesmo não querendo acreditar, são três os suspeitos do delito cometido. Mesmo sabendo ser difícil acreditar que bons profissionais, militantes na área da educação se prestem a semelhante papel, somos obrigados a incluí-los no rol dos principais interessados em atrasar nossa saída, em plena quarta-feira, véspera das tão esperadas férias de julho. No entanto, não foi descartada a hipótese de que algum aluno, insatisfeito com a pluralidade reinante, tenha cometido essa experiência transgressora. Palito, ou outro objeto não identificado, introduzido cuidadosamente dentro de um cadeado, pode levar um bando de mulheres ao total desespero. principalmente à noite e próximo à uma favela violenta.
Mas não foi isto que aconteceu.
Inacreditável!
Apesar do “adiantado da hora”, havia muito bom humor reinando, sob as luzes dos novos holofotes.
O porteiro, de marreta em punho, não conseguia abrir o famigerado Papaiz. Não houve clips, canivete, martelo ou chave de fenda que vencesse a resistência do dito cujo.
Filosofamos muito tempo, sentadas no murinho da garagem, sobre o promíscuo comportamento sexual da genitora do aluno que perpetrou a malévola ação. Reafirmamos nosso compromisso de não deixar transparecer para os garotos o nosso contratempo noturno. Houve, inclusive, a sugestão para que fosse feito um comunicado, dizendo que, aproveitando a luz do luar, ficamos fazendo uma reunião pedagógica, convocada pela diretoria, em caráter de urgência. Outra idéia que surgiu foi a de tentar convencê-los de que estaríamos inaugurando a novíssima iluminação hollywoodiana, recentemente instalada. De qualquer maneira, isto só será decidido futuramente, em assembléia e com o devido registro em ata.
Uma colega, com mais iniciativa, imediatamente chamou o maridão, que veio em nosso socorro mais rápido que o Batman.
Eu sempre soube que marido das outras é bem melhor que o da gente (pois nunca nos dá problema), mas nunca imaginei que fosse tão melhor assim:
- Viva o marido da outra! E o serrote e a caixinha de mil e uma utilidades que ele trouxe para resolver nosso angustiante problema. E não é que resolveu mesmo? De forma rápida e competente.
No final dessa história, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Agora, tão logo se compre um novo cadeado e se faça as 50 ou 60 chaves necessárias, evidentemente que outro palito será devidamente introduzido no tal orifício e toda a história se repetirá. Só que agora saberemos a quem recorrer.
Experiências anteriores é tudo que se espera de uma equipe!

Em tempo: Cheguei em casa, bati com o carro no portão da garagem que imediatamente saiu do trilho. Por volta de 23:30h eu e a família (que foi devidamente acordada por mim, incluindo alguns sonolentos vizinhos) conseguimos fechar o famigerado portão e demos pela falta do cachorro. Saí com meu filho, rodando de carro pelo bairros vizinhos à procura do “infeliz”, que estava, traqüilamente dentro de casa, placidamente dormindo embaixo de uma cama. Como meu celular estava com a bateria arriada, só fui saber da boa nova , ao retornar ao "lar doce lar”, por volta de meia noite. Oh, stress insuportável!
Em tempo, de novo: Como o marcador de combustível do meu velho chevette estava estragado e por causa das peripécias de ontem, eu não lembrei de abastecê-lo e fiquei presa na garagem da escola. Em parte foi bom: - Descobri que o meu marido também consegue resolver problemas com a mesma competência do marido daquela outra. Basta ligar!

"Trabalhar à noite era muito bom!"

quinta-feira, 26 de junho de 2008

PUNTA DEL ESTE

Casapueblo



O porto e seus iates


O porquê do nome Punta


Interessante e gigantesca escultura na praia



Este texto foi escrito em 02/02/2004.
Viajar é bom.
É ótimo!
Quando não se pode ir, recordar o que foi registrado consola e aquece a alma.

Dormimos pouco e acordamos já ancorados. Lá longe Punta Del Este nos espera. Depois daquele absurdo café da manhã fomos para o convés ensolarado observar a descida das lanchas para o desembarque. Milhares de “caravelas” se movimentavam em volta do navio.A princípio pensei que fossem sacos plásticos transparentes. O porto de Punta só serve para a náutica esportiva e ali não se atracam os grandes navios cargueiros ou translatlânticos.
O porto, com centenas de iates luxuosos, a maioria brancos, reflete a extraordinária luz do sol da manhã. Algumas embarcações impressionam pelo tamanho e pela beleza. Muitas aves marinhas sobrevoam a área, pousando nas bóias e nos postes de iluminação. As gaivotas são grandes e barulhentas.
A guia Martina deu explicações claras e interessantes durante o passeio de ônibus pela cidade. Punta e Maldonado são cidades gêmeas - grudadas mesmo. São refúgios dos milionários brasileiros e argentinos, principalmente os apreciadores dos cassinos. Lá morou Vinícius de Moraes, João Goulart, exilados políticos da ditadura militar, Matarazzos, Scharpas e tantos outros. O pai do Chiquinho Scharpa chegou a dar festas monumentais, quando até elefantes foram trazidos da Índia para compor a decoração. Vimos uma casa que foi vendida por dois milhões de dólares, à vista e outra anunciada por quatro milhões. As casas são construídas entre gramados, flores e árvore, tudo perfeitamente cuidado por hábeis jardineiros. Tem-se que manter preservado dois terços de qualquer terreno, como área pública, sem cercas, sem muros. Algumas casas ostentam grandes e artísticos portões, apenas como decoração, uma vez que não há necessidade deles, já que não existem muros.
Passamos também pelo bairro pobre de Punta. São casas espalhadas próximo ao mar, cobertas de zinco ou lata. Apesar da pobreza, não há problemas de violência, insegurança ou sujeira.
Os supermercados são pequenos. Muito pequenos. A cidade tem vinte e cinco mil habitantes. De 26 de dezembro até a segunda feira depois da Páscoa, a cidade ganha mais quatrocentos e cinqüenta mil visitantes, o que torna a vida da cidade mais difícil.
As dunas que acompanham toda a orla marítima têm a vegetação original muito preservada o que torna o acesso às praias bastante complicado. Não há ruas ou caminhos. A vegetação é que impede que os ventos de até cem quilômetros por hora carreguem a areia para as casas e avenidas da cidade. Vimos alguns banhistas aproveitando o sol na Praia Mansa e na Praia Brava. Grandes rochedos circundam as praias. Do alto de uma colina pudemos ter uma bela visão da “Casapueblo”, do artista plástico Carlos Paéz Vilaró. Lembra muito as construções de Galdi, em Barcelona. Enorme, branca, imponente. Debruçada sobre um penhasco com suas incontáveis torres apontadas para o céu. Lá também funciona um museu, que infelizmente não pudemos visitar porque o tempo já estava se esgotando.
Martina nos disse que a região é tão rica em iodo que o sal ali consumido não pode ser iodado.
O ônibus nos deixou no “point” da cidade: largas avenidas, palmeiras, lojas, jardins, restaurantes, confeitarias. Tudo muito fino. Lojas de grifes famosas como Armani, Gucci, Saint Laurent cobram preços inimagináveis. Num restaurante simpático tomamos chope em canecas gigantes e comemos sanduíches enormes, riquíssimos em colesterol, e muito gostosos. Raquel pediu um guaraná e o garçon lembrou a ela que não estávamos no Brasil. Foi um lapso de memória da garota... Caminhamos um pouco, sentindo o ar de prosperidade e ostentação que se respira na cidade. Numa confeitaria charmosíssima, comemos doces perfeitos. Começamos nossa caminhada de volta ao porto. A luz excessiva, o sol forte, o calor, a “barriga cheia” e o cansaço acumulado dificultaram um pouco a nossa jornada. A praia é coberta de pedras e há partes gramadas arborizada com graciosas palmeiras, identificadas pela Miriam como sendo "cica". Não sei se posso confiar nos conhecimentos botânicos da advogada. Antes de embarcarmos em uma lancha para o Costa Allegra, uma enorme gaivota deu uma tremenda “borrada” no meu braço. Dizem que é sinal de sorte. E deve ser mesmo, porque fazer uma viagem dessas é como tirar a sorte grande. O cheiro forte de peixe podre é que incomodou bastante.
De volta ao navio, e depois de um bom banho para retirar as lembranças da gaivota, fomos para o “shopping” de bordo, onde comprei duas lindas bolsas de festa. Deixamos as compras na cabine e subimos ao convés para admirarmos o pôr-do-sol. Foi um espetáculo gratuito e encantador.