A PANELA É ESSA MESMA. GROSSA, DE ALUMÍNIO BATIDO, SEM POLIMENTO, DUAS ALÇAS E FEITA PELO MEU PAI.
COM QUEIJO OU COM TORRADAS? PURA, COM BOLO...NO BISCOITINHO... SEMPRE MUITO GOSTOSA.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
JABUTICABAS
Não tenho muitas recordações da infância. Mas o que eu lembro, lembro com força... Chego a sentir cheiros, a ver cores e formas... Uma das boas recordações são as jabuticabas. Ìamos até Contagem, no sítio da Dulce. Não sei bem se era um sítio ou apenas uma casa. Dezenas de pés de jabuticabas... Carregadinhos de frutas escorregando tronco abaixo, até bem perto do chão. Enchíamos baldes, panelas, caixas... Em casa, minha mãe lavava aquele mundão de bolinhas, retirava galhos, folhas e sujeirinhas... Nós, quatro crianças, éramos sempre convocados a ajudar, o que fazíamos com prazer. Uma distração e lá íamos nós chupar as frutas doces, já limpas e separadas para fazer a geléia...
No caldeirão enorme e na panela grossa de alumínio,as jabuticabas iam pro fogo. O cheiro característico da fruta fervendo invadia a casa e as nossas narinas. Com o soquete de madeira, mamãe ia amassando lentamente as frutas. Às vezes algum adulto ajudava. Aí, depois e ferver um pouco, vinha a parte mais difícil. Passar aquilo tudo pela grande peneira de taquara... Raspa, amassa, espreme... Ia nisso a tarde inteira. O caldo grosso, mais parecendo um vinho tinto, volta agora para o fogo com uma boa quantidade de acúcar cristal. E ferve, e ferve...e mexe com a colher de pau... Experimenta pra ver se está bom de doce, se não está muito azeda... Logo a espuma brilhante e transparente começa a aparecer. Tá na hora de tirar o ponto... Depois vai para os potes de vidro esterilizados e bem tampados. Um pra vovó, outro pra Nazinha, um pra vizinha... E todos os outros vão direto pro armário. É geléia pro ano inteiro: pra torrada, pro pão, pra rechear o bolo e o rocambole. As mãos estão pretas, com a nódoa da fruta. E nós, sentados no chão, cada um com uma colher, vamos raspando a geléia brilhante e gostosa, do fundo da grande panela... sabendo que o que é bom dura pouco...
"Jabuticabas maduras. Viraram geléia. Viraram saudades. Doce saudade de minha mãe, que há tanto tempo partiu..."
No caldeirão enorme e na panela grossa de alumínio,as jabuticabas iam pro fogo. O cheiro característico da fruta fervendo invadia a casa e as nossas narinas. Com o soquete de madeira, mamãe ia amassando lentamente as frutas. Às vezes algum adulto ajudava. Aí, depois e ferver um pouco, vinha a parte mais difícil. Passar aquilo tudo pela grande peneira de taquara... Raspa, amassa, espreme... Ia nisso a tarde inteira. O caldo grosso, mais parecendo um vinho tinto, volta agora para o fogo com uma boa quantidade de acúcar cristal. E ferve, e ferve...e mexe com a colher de pau... Experimenta pra ver se está bom de doce, se não está muito azeda... Logo a espuma brilhante e transparente começa a aparecer. Tá na hora de tirar o ponto... Depois vai para os potes de vidro esterilizados e bem tampados. Um pra vovó, outro pra Nazinha, um pra vizinha... E todos os outros vão direto pro armário. É geléia pro ano inteiro: pra torrada, pro pão, pra rechear o bolo e o rocambole. As mãos estão pretas, com a nódoa da fruta. E nós, sentados no chão, cada um com uma colher, vamos raspando a geléia brilhante e gostosa, do fundo da grande panela... sabendo que o que é bom dura pouco...
"Jabuticabas maduras. Viraram geléia. Viraram saudades. Doce saudade de minha mãe, que há tanto tempo partiu..."
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