Ele era um homem alto e magro, que falava baixo, pausado e com um senso de humor discreto e sempre presente no sorriso contido.
Amigo fiel dos meus pais desde sempre, era um pai exemplar, um marido amoroso e um avô derretido.
Atleta até perto dos 80 anos, corria com um a vitalidade de um jovem e com disciplina invejável.
Nunca perdia a calma. Jamais falou um palavrão. Ria das piadas "pesadas" do meu pai, mas nunca o ouvi contar nenhuma. Pode até ser, que perto dos seus, se arriscasse com uma ou outra...
A gentileza era uma de suas marcas. Sua esposa Nazinha, era objeto de todas as suas atenções e os filhos e netos, de suas preocupações.
O Mercado Central era sua obrigação semanal. Ali, encontrava os antigos fornecedores e amigos, comprava ingredientes para os doces e salgados da "patroa".
Quantas vezes, meus pais de malas prontas para Guarapari e já tendo chamado o táxi, atendiam a porta e era o amigo José, chegando com coxinhas, pastéis e croquetes, especialmente feitos para eles levarem na viagem pra praia.
Nunca ouvi de sua boca nenhum comentário que desabonasse essa ou aquela pessoa.
Era um espiritualista. Ajudava quem precisasse dele, desde que ninguém soubesse. Isso não era necessário. Era a simplicidade personificada
Lembro dos pratos enormes - lembrem-se que era um atleta - comida quentinha, preparada com carinho e os ovos fritos por cima, que ele comia com gosto. Era vegetariano convicto, desde muito cedo, numa época em que ninguém falava disso.
Quantas vezes, ele, a esposa e meus pais foram pra Guarapari? Não sei dizer. Sei que era sempre assim: meu pai na "arrebentação" pescando e "seu" José correndo pelas praias.
As palavras pronunciadas por sua companheira de toda vida, antes de fecharem a urna, emocionaram os presentes. Uma última declaração de amor eterno à um homem tão especial. Filhos e netos se manifestaram com carinho e a previsão da saudade que já, precocemente, invadiu os corações e mentes de todos que tiveram o privilégio de conviver com ele. As lágrimas fora inevitáveis.
Ontem, quando, finalmente, seu corpo baixou à sepultura, ouvi sua filha mais velha dizer que agora ele estava LIVRE para correr por onde quisesse.
Com certeza é isso que ele fará, depois de ser recebido de braços abertos pelos meus pais, seu amado filho Carlos, sua mãe, meus avós, tio Walter e tio Zezé, e tantos outros que lá, com certeza farão festa com a sua chegada....
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)