Menina do Afeganistão que ficou olhando pra mim na foto do jornal, como se pedisse socorro contra as bombas, os mísseis e contra as ordens do Talibã que já estabeleceram para ti um destino cruel: - Não mostrarás o teu rosto quando cresceres. Não terás direito algum. Não sonharás nenhum sonho de todas as moças do mundo. Não poderás estudar. Nunca estarás no meio das canções dos estádios, no meio dos debates literários, nas lanchonetes e nos cinemas dos shoppings. Jamais estarás na minha festa nem na minha alegria.
Eu vejo e peço a Deus e a Alá que te protejam contra as bombas, a fome e as ordens da milícia Talibã. Eu invoco a Deus e a Alá, para que te protejam. Deus dos humilhados e dos ofendidos. Deus dos aflitos e dos desprotegidos. Alá das crianças e dos beduínos, dos camelos e dos sonhadores do mundo árabe. Alá dos que carregam um sonho no coração como um vulcão clandestino.
Deus ou Alá tirai um pouco de mim para dar à menina do Afeganistão. Tirai do meu pão. Da minha alegria. Polvilhai a menina do Afeganistão com a minha esperança. Levai minha paz para a menina do Afeganistão. Eu vou jejuar por ti, vou sonhar e rezar por ti. Vou pedir a Deus e a Alá que ti façam mais forte que a fome e que a guerra. Mais forte que a tirania.
Aviões dos donos do mundo, guardai vossas bombas em nome da menina do Afeganistão!
Mísseis dos senhores da terra, adiai a morte em nome da menina do Afeganistão!
(Adaptação da crônica de Roberto Drumond, publicada no Estado de Minas de 9 de outubro de 2001)
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