segunda-feira, 30 de julho de 2012

MARAJÓ - QUANTAS SURPRESAS ESSA ILHA NOS RESERVA

" Minha serenidade reside no mundo natural, em me sentir parte dele, por menor que seja essa parte" Acordamos e já passava das sete. O barulho do vento nas folhas dos inúmeros coqueiros existentes na área da pousada deixava no ar a impressão de uma chuva torrencial. Mas nada disso. O céu claro e o sol forte já davam mostras do calor que estava por vir. O tempo aqui foi explicado pelo recepcionista da pousada da seguinte maneira... De março a novembro o tempo fecha toda hora, chove rapidamente, abre o sol. À tarde venta muito, apesar do calor. De novembro a março o calor é bem mais forte, chove o dia inteiro e não venta. Aí o Danilo pergunta.... E quando é a melhor época de se vir aqui???? Agora, responde ele... É assim mesmo, vento, chuva, sol e calor. Isso é Marajó! O café da manhã teve novidades. Frutas, poucos pães, bolos, ovos, presunto cortado em fatias muito grossas, muçarela de búfala, tapioquinha com manteiga ou leite de coco, salsichas, manteiga e mingau de tapioca para alegria e entusiasmo do Jodauro. Eu não conhecia e achei uma delícia. Os ninhos do pássaro tecelão, lá chamado de japiin estão pendurados lá no alto do coqueiro. Um deles caiu e está bem na entrada da Pousada para que possamos admirar esse misterioso saber de passarinho.




Às nove horas a van da Mururé veio nos buscar. O guia Ezequias nos deu algumas explicações sobre a história da Ilha de Marajó de forma bastante didática e demonstrando muito conhecimento. Depois, conversando com ele, ficamos sabendo que se formou em letras, fala alemão e francês, morou na Alemanha e atende turistas estrangeiros em visita à ilha. Passamos pelo centro de Salvaterra, fotografamos a igrejinha de 1911, a pracinha e os carneiros marajoaras - sem lã - que circulavam em bandos pela ruas. O lixo é visto por toda a cidade. Poucas pessoas circulando e o comércio fechado mostra que hoje é mesmo domingo. Embarcamos num barco típico aqui da região, chamado popopó. Um boné arrancado pelo vento foi puxado com uma vara de dentro d'água e devolvido ao dono.
O motor descoberto me fez lembrar das notícias dos inúmeros escalpelamentos provocados pela roda que se enrosca nos cabelos de quem, desavisadamente, se aproxima sem se dar conta do perigo...
O madeirame comprometido, teto muito baixo, um banco de cada lado e alguma dificuldade para embarcar. O barco leva aproximadamente 20 pessoas e tivemos a impressão que é a moradia do piloto, sua mulher e da filhinha pequena. Armário, brinquedos, cama.... Mesmo com barulho intenso do motor, a conversa correu solta. Uma das mulheres perdeu um brinco, logo resgatado pelos amigos... O passeio fluvial pelo rio Paracauari durou aproximadamente uma hora.
A largura do rio e a quantidade de água nessa região são absolutamente impressionantes. As grandes árvores com as raízes à mostra, os barrancos altos, as casas simples dos ribeirinhos e o movimento das embarcações atraem nossa atenção. Cada tipo de barco tem um nome. O nosso é chamado bote ou popopó, os menores rabeira, e assim por diante. Ao longe avistamos a balsa empurrada pelo rebocador até o lado de Soure. Também vimos os currais, que são grandes cercados de bambu, onde os peixes entram e depois não conseguem sair, sendo então capturados pelos pescadores.
Desembarcamos no mesmo ponto do embarque, porém com a maré mais baixa foi um pouco mais difícil. Um dos passageiros, muito solícito pegou no meu braço para ajudar a desembarcar e deixou ali uma mancha roxa, mostrando toda a força da solidariedade humana... Novamente na van, seguimos até a pousada para apanharmos um casal e seguimos pra Vila de Joanes, há 20km de Salvaterra, por uma estrada estreita e esburacada, mas asfaltada.
A antiga vila, a igrejinha datada de 1911 e as ruínas estão no alto.
Lá em baixo, as águas revoltas e as praias cobertas de pedras escuras compõem uma bela paisagem! Segundo alguns historiadores foi na Vila de Joanes que desembarcou o Vicente Yãnes Pinzon, o navegador espanhol que ali aportou antes de 1500. As ruínas das primeiras construções em pedra e óleo de Gurijuba (um peixe da região) são de 1617, bem no alto do vilarejo.
A van desceu alguns metros e chegamos à Praia de Joanes. Imensa! Uma grande faixa de areia que se estende por quilômetros. Até agora foi a praia mais movimentada que vimos por aqui. Cadeiras e mesinhas espalhadas pela areia e uma multidão de gente simples aproveitando o domingo. Famílias inteiras com panelas de comida, cerveja e pacotinhos de chips para as crianças. A chuva que se anunciava caiu... Ficamos abrigados em um bar por algus minutos e logo retornamos à pousada.
Almoçamos, trocamos as impressões dessa manhã cheia de novidades e fomos descansar um pouco. Acordei com a Catarina me chamando pra a praia. E lá fomos nós... O vento quase nos jogava no chão. As ondas fortes e a maré alta atraíram os bombeiros para a praia. Os búfalos dando um show à parte, dobrando os joelhos e se abaixando pra que as crianças os montasse. Isso só se vê em Marajó!
O final do dia foi de cerveja Cerpa, conversas e tranquilidade. E um belíssimo jantar, não posso deixar de dizer.... Amanhã estaremos de volta a Belém.

Nenhum comentário: