O madeirame comprometido, teto muito baixo, um banco de cada lado e alguma dificuldade para embarcar. O barco leva aproximadamente 20 pessoas e tivemos a impressão que é a moradia do piloto, sua mulher e da filhinha pequena. Armário, brinquedos, cama.... Mesmo com barulho intenso do motor, a conversa correu solta. Uma das mulheres perdeu um brinco, logo resgatado pelos amigos... O passeio fluvial pelo rio Paracauari durou aproximadamente uma hora.
A largura do rio e a quantidade de água nessa região são absolutamente impressionantes. As grandes árvores com as raízes à mostra, os barrancos altos, as casas simples dos ribeirinhos e o movimento das embarcações atraem nossa atenção. Cada tipo de barco tem um nome. O nosso é chamado bote ou popopó, os menores rabeira, e assim por diante. Ao longe avistamos a balsa empurrada pelo rebocador até o lado de Soure. Também vimos os currais, que são grandes cercados de bambu, onde os peixes entram e depois não conseguem sair, sendo então capturados pelos pescadores.
Desembarcamos no mesmo ponto do embarque, porém com a maré mais baixa foi um pouco mais difícil. Um dos passageiros, muito solícito pegou no meu braço para ajudar a desembarcar e deixou ali uma mancha roxa, mostrando toda a força da solidariedade humana... Novamente na van, seguimos até a pousada para apanharmos um casal e seguimos pra Vila de Joanes, há 20km de Salvaterra, por uma estrada estreita e esburacada, mas asfaltada.
A antiga vila, a igrejinha datada de 1911 e as ruínas estão no alto.
Lá em baixo, as águas revoltas e as praias cobertas de pedras escuras compõem uma bela paisagem! Segundo alguns historiadores foi na Vila de Joanes que desembarcou o Vicente Yãnes Pinzon, o navegador espanhol que ali aportou antes de 1500. As ruínas das primeiras construções em pedra e óleo de Gurijuba (um peixe da região) são de 1617, bem no alto do vilarejo.
A van desceu alguns metros e chegamos à Praia de Joanes. Imensa! Uma grande faixa de areia que se estende por quilômetros. Até agora foi a praia mais movimentada que vimos por aqui. Cadeiras e mesinhas espalhadas pela areia e uma multidão de gente simples aproveitando o domingo. Famílias inteiras com panelas de comida, cerveja e pacotinhos de chips para as crianças. A chuva que se anunciava caiu... Ficamos abrigados em um bar por algus minutos e logo retornamos à pousada.
Almoçamos, trocamos as impressões dessa manhã cheia de novidades e fomos descansar um pouco. Acordei com a Catarina me chamando pra a praia. E lá fomos nós... O vento quase nos jogava no chão. As ondas fortes e a maré alta atraíram os bombeiros para a praia. Os búfalos dando um show à parte, dobrando os joelhos e se abaixando pra que as crianças os montasse. Isso só se vê em Marajó!
O final do dia foi de cerveja Cerpa, conversas e tranquilidade. E um belíssimo jantar, não posso deixar de dizer.... Amanhã estaremos de volta a Belém.
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